Um
ofício manuscrito de 1859, o registro mais antigo sobre Mimoso:
Abaixo transcreverei um
trecho do ofício datado de 20 de abril de 1859 da Mesa Eleitoral de Cimbres ao
Ministro do Império encaminhando atas de eleições e a lista de cidadãos
votantes, consta o alistamento eleitoral de cidadãos na região do 8º Quarteirão
Eleitoral de Frexeiras. Segue-se:
[...] Ata da Lista,
digo, Ata da Revisão da Lista dos cidadãos votantes de Nossa Senhora das
Montanhas da Freguesia de Cimbres. Aos dezessete dias do mês de janeiro de mil
oitocentos e cinquenta e nove, nesta Capela de Nossa Senhora Mãe dos Homens,
Freguesia da Comarca do Brejo da Madre de Deus, Província de Pernambuco pelas
nove horas da manhã do mencionado dia. [...] Que devia proceder à organização
da Lista Geral da Revisão dos cidadãos votantes desta freguesia eliminando-se
da qualificação dos anos anteriores os que tiverem falecidos, mudado ou perdido
as qualidades de votantes, incluindo-se os nomes dos que houverem adquirido as
qualidades de votantes os que deste qualificados tais e tiverem de conformidade
às disposições da mesma Lei cujos nomes adiante se seguem: [...] 8º Quarteirão Eleitoral de Frexeiras: Ângelo
José de Espindola, Antônio Francisco dos Santos, Antônio Carneiro, Antônio
Leonardo, Antônio Victor de Araújo, Antônio Thomaz de Holanda, Alexe Pereira
Cavalcanti, Antônio Leite de Siqueira, Antônio Joaquim das Veras, Antônio
Marinho Cavalcanti, Antônio José de
Souza, Antônio Nicácio Pereira, Antônio Manoel do Espírito Santo, Antônio
Francisco de Torres, Antônio Francisco Ribeiro, André José de Espíndola, Canuto
Monteiro de Albuquerque, Daniel Rodrigues Torres, Francisco Cavalcanti de
Albuquerque, Francisco Cavalcanti de Albuquerque Júnior, Faustino José de
Souza, Francisco José de Espíndola, Francisco Felismino, Florentino Ribeiro,
Francisco Antônio Medrado, Francisco Pereira da Silva, Francisco Ribeiro de
Espíndola, Gabriel Arcanjo de Oliveira, Joaquim de Albuquerque Cavalcanti,
Joaquim Evaristo Rogaziano, Joaquim Jorge de Albuquerque, José Francisco
Bezerra, Joaquim José de Araújo, Joaquim José de Sant’Anna, Joaquim Marinho de
Espíndola, José Claudino, João Francisco de Macena, José Maurício de Espíndola,
Joaquim José de Espíndola, Victuriano Monteiro, João da Costa Monteiro, José
Canuto da Silva, José Correia de Araújo, José Evaristo de Espíndola, José André
de Espíndola, João José de Torres, José de Oliveira Torres, Joaquim Leite da
Silva, Luís Tenório de Albuquerque,
Leodegário Mitiano, Leonardo Bezerra de Oliveira, Luís de França Figueiredo,
Luís Correia de Araújo, Lourenço de Mello, Manoel Ignácio, Manoel Leonardo,
Marcelino José Ferreira, Manoel de Oliveira, Manoel Zeferino Leite de Siqueira,
Manoel Lacerda da Silva, Manoel Pereira da Cunha, Manoel Joaquim da Anunciação,
Pantaleão da Silva Cavalcanti, Pedro José da Silva Tavares, Vasco Marinho de
Espindola, Zeferino Pereira da Cunha, Zacarias José da Cruz[...].
Nesta ata consta o
alistamento de 65 eleitores no Quarteirão de Frexeiras algo semelhante como as
seções eleitorais de hoje, o que demonstra o povoamento da região onde hoje
está Mimoso e os sítios circunvizinhos provavelmente a partir de 1850. Todavia,
ainda não dá para precisar uma data para fundação do Sítio Frexeiras, atual
Mimoso, pois ao que consta a região foi povoada a partir do surgimento de
pequenas propriedades, o que dificulta especificar uma data e o lugar da
fundação.
Luís Wilson em seu
livro Minha cidade, minha saudade (Rio Branco- Arcoverde reminiscências) de
1972, p.133 menciona que “o nosso secular Mimoso que havia sido também
Frexeiras voltou ao seu primitivo nome”. O termo secular usado por Luís Wilson é mais uma fonte de comprovação do
povoamento da região a partir de 1850.
No trecho do ofício
citado acima está o nome de Luís Tenório de Albuquerque (Lulu), que veio de Quebrângulo em Alagoas e se estabeleceu na Fazenda Propriedade entre os anos de
1854 e 1857, sendo este o patriarca dos Tenórios de Mimoso e região, sendo este
o único Tenório da lista, o que comprova que o mesmo foi o primórdio da família
na região.
Luís Tenório de Albuquerque (Lulu)
Brasão da família Tenório.
Quebrângulo-AL,
“O berço dos Tenórios de Mimoso e região”.
Quebrângulo- AL, foto quebrangulo.blogspot.com.
Histórico:
Os mais antigos
habitantes, firmados no que ouviram dos seus antepassados, contam que o local
onde se levantou a povoação foi primitivamente habitado pelos índios Chucurus
que vieram formar aldeia nas proximidades da serra da Palmeira dos Índios, já
encontrados aí estabelecidos os Cariris, emigrados de Pernambuco, em
consequência da seca que assolou os sertões no ano de 1740. Dizem outros, que
aí houve antigamente um quilombo de pretos fugitivos. Viviam, eles, de nozes de
palmeira e principalmente da caça de caititus, que em manadas, pastavam no próprio
local onde hoje é a cidade. Sendo o chefe desse quilombo excelente caçador,
chamavam-no “Quebrângulo”, que na gíria dos negros significa “matador de
porcos”. Teve também o nome de Vitória, voltando posteriormente à denominação
primitiva.
Gentílico:
quebrangulense.
Formação
Administrativa:
Distrito criado com a
denominação de Quebrângulo, pela lei provincial nº 301, de 13-06- 1856. Elevado
à categoria de vila com denominação de Quebrângulo, pela lei provincial nº 624,
de 16-03-1872, desmembrado de Viçosa (ex-Assembléia). Instalado em 05-09-1872. Pelo
decreto estadual nº 4, de 20-02-1890, a vila é extinta, sendo seu território
anexado ao município de Assembléia. Elevado novamente à categoria de vila com
denominação de Vitória, pelo decreto estadual nº 47, de 27-09-1890, desmembrado
de Assembléia. Sede no atual distrito de Vitória ex-Quebrângulo. Constituído do
distrito sede. Reinstalado em 19-09-1890. Elevado à categoria de cidade com a
denominação de Vitória, pela lei estadual nº 593, de 06-06-1910. Em divisão
administrativa referente ao ano de 1911, o município já denominado Vitória é
constituído do distrito sede. Pela lei estadual nº 1139, de 20-06-1928, voltou
a denominar-se Quebrângulo. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933,
o município é constituído do distrito de sede. Em divisões territoriais datadas
de 31-12-1936 e 31-12-1937, o município aparece constituído de 2 distritos: Quebrângulo e Paulo Jacinto. No quadro fixado para vigorar no período de
1939-1943, o município é constituído de 2 distritos: Quebrângulo e Paulo
Jacinto. Pela lei nº 1747, de 02-12-1953, desmembra do município de Quebrângulo o distrito de Paulo Jacinto. Elevado à categoria de município. Em divisão
territorial datada de 01-07-1960, o município é constituído do distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. Alterações
toponímicas municipais Quebrângulo para Vitória alterado, pelo decreto estadual
nº 47, de 27-09-1890. Vitória para Quebrângulo alterado, pela lei estadual
1139, de 20-06-1928.
População:
Sua população estimada
em 2007 era de 11.289 habitantes.
Situa-se na parte norte de Alagoas, faz parte da Microrregião
de Palmeira dos Índios, antigamente denominada de "Zona da
Mata".
Território:
Ocupa uma área
territorial de 342 km² e dista da capital, por estrada de rodagem, 115 quilômetros e por estrada de ferro 135
quilômetros.
Estação ferroviária de Quebrângulo em 2010 (www.estaçõesferroviarias.com.br).
Municípios
limítrofes:
Palmeira dos Índios,
Paulo Jacinto e Chã Preta em Alagoas e Bom Conselho em Pernambuco.
Localização no mapa de Alagoas (https://pt.wikipedia.org/wiki/Quebrangulo).
Famílias
da Região de Mimoso em 1859:
O oficio nos revela
nomes de homens que certamente foram o tronco de várias famílias que habitam a
região até hoje. São elas: Espíndola, Santos, Araújo, Pereira Cavalcanti, Leite
de Siqueira, Souza, Marinho Cavalcanti, Oliveira Torres, Cavalcanti de Albuquerque,
Monteiro de Albuquerque, Bezerra, Marinho de Espíndola, Silva, Oliveira,
Tavares, Melo, Correia, Cunha, Macena, Ribeiro e Tenório de Albuquerque.
As
famílias na década de 40:
Geraldo Aoun (1986,
p.86) faz uma breve descrição das famílias nos idos de 1940 que habitavam a região
de Mimoso:
“As
famílias principais, do distrito de Mimoso, eram os Tenórios e os Britos,
que se mesclaram, formando um numeroso grupo de Tenório de Brito. Havia os Moura
Cavalcanti do ‘Jerimum’, os Albuquerque
Cavalcanti do ‘Jatobá’, parentes dos Tenório. Na periferia, os Bezerras, do velho Miguel Bezerra, os Climérios, do sítio do mesmo nome, uma
família de caboclos altos e fortes, gente pacata e honrada; os Santos dos ‘Coités’ e os Teixeira, do ‘Guarda’, gente branca, de
sangue à flor da pele. Havia também, os Soares,
de Frexeira Velha, de Vital Soares, antigo administrador da Fábrica Peixe.
[...]Convém citar, ainda, os Marinho,
do perímetro da vila, baixinhos e avermelhados. Havia, naturalmente, outros
grupos menores.”
Fazendo um paradoxo
entre a citação de Geraldo Aoun e o ofício de 1859, notamos a existência de
grupos familiares correlatos e que deram origem ao povoamento de Mimoso e adjacências,
bem como contribuíram para o seu desenvolvimento ao longo das décadas.
Por Fábio Menino de
Oliveira.
REFERÊNCIAS:
AOUN, Geraldo Tenório. A
Vila de Mimoso: Pesqueira- PE tradições e costumes. Recife: Gráfica Editora
Santa Cruz, 1986.
Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro- secção de manuscritos. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/cmc_ms618_27_38/cmc_ms618_27_38.pdf>.
Acesso em 11 jun. 2015.
IBGE. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/alagoas/quebrangulo.pdf.
Acesso em 29 jun. 2015.
MyHeritage. Tenório de
Albuquerque em todas as coleções. Disponível em: <www.myheritage.com.br>.
Acesso em 25 jun. 2015 (Foto).
WIKIPÉDIA. Disponível
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Quebrangulo.
Acesso em 29 jun. 2015.
WILSON. Luís. Minha
cidade, minha saudade (Rio Branco- Arcoverde reminiscências). Recife: Editora
Universitária da UFPE, 1972.
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