O velho Chico de Brito, Patriarca de Mimoso numa velha fotografia do início do século XX (foto:http://www.myheritage.com.br) .
Era filho de João
Ferreira de Araújo, do Brejo da Madre de Deus, e de Maria Delmira de Brito
Cavalcanti (nome de casada) ou Maria Delmira Cavalcanti de Albuquerque (nome de
solteira conforme consta no registro de órfãos de seu pai em 1837 e de sua mãe
em 1843), nascida em 1824, filha de Francisco de Brito Cavalcanti de
Albuquerque, da Fazenda Barra atual povoado de Ipanema, nasceu em 1786 e foi assassinado
em Pesqueira, em 1837, sendo este o tronco dos Brito Cavalcanti da região de
Ipanema depois de Ipojuca e Mimoso (a posteriori explicarei esta afirmação) e
de sua esposa Brites Josefina Cavalcanti de Albuquerque. Maria Delmira,
portanto era neta paterna de André Cavalcanti de Albuquerque, o famoso Capitão
André Arcoverde e de sua esposa Úrsula Jerônima Cavalcanti de Albuquerque, e
neta materna de Pedro da Cunha Cavalcanti e Damiana de Moura Bezerra.
Maria Delmira casou com
João Ferreira entre 1838 e 1843, pois no registro de órfãos de sua mãe Brites
falecida em 1843 já consta como casada, segundo informações seu esposo foi
assassinado numa emboscada próximo a Cimbres em 1846, por um compadre a quem dera
moedas de ouro para guardar. Desta união breve nasceram dois filhos: Antônio e Francisco de Brito Cavalcanti.
Ao que consta em
andanças por Pesqueira, Ricardo Francisco Nobre ou Nobre Cavalcanti como também
assinava, filho mais velho do inglês Richard Noble ou Francisco Ricardo Nobre
(nome aportuguesado que passou a usar), que se estabelecera no lugar chamado Fazenda
Volta, na serra do Jabitacá, ribeira do rio Pajeú, divisa entre os municípios
atuais de Afogados da Ingazeira e Sertânia no início do século XIX e de sua
esposa Theresa de Jesus Maria com quem gerou uma imensa descendência que se
espalhou por Mimoso em Pesqueira, Ipojuca em Arcoverde, Baixa Verde em Triunfo,
além dos que ficaram residindo no triângulo Varas, Volta e Ingazeira entre Sertânia
e Afogados da Ingazeira, onde existiam fazendas da família. Segundo fontes, a
dispersão da família se deu por conta das perseguições ao famoso cangaceiro
Adolfo Alves de Freitas dito Adolfo Rosa Meia Noite (1840-1880), neto do inglês
que aterrorizava os rincões sertanejos a partir de 1866 quando entrou para o
cangaço.
Ricardinho se apaixonou
por Maria Delmira que com apenas 22 anos já era viúva, rica e muito bonita, ao
que parece não tendo consentimento para casar decidiu raptá-la com seus filhos
e alguns escravos indo morar nas Varas. O casamento entre Ricardinho e Maria Delmira
aconteceu entre 1847 e 1850, nesta época seus filhos já contavam Antônio com
cerca de 11 anos e Francisco com aproximadamente 10 anos. Desse casamento
nasceram duas filhas: Umbelina, nascida em 20 de maio de 1851 e Euzébia,
nascida em 15 de dezembro de 1855.
Ricardo Nobre nasceu em
1920 e faleceu com 70 anos em 17 de maio de 1890, sendo sepultado no cemitério
das Varas. Maria Delmira nasceu em 1824 e faleceu em 1904, morava esta época
perto de Ipojuca.
Após este breve relato
sobre a ascendência de Francisco de Brito Cavalcanti, escreverei nas linhas
seguintes um pouco da história do Patriarca
de Mimoso.
Casado em 1854 ou 1855 com
Delmira Francisca de Olinda Nobre, filha do inglês Francisco Ricardo Nobre
(Richard Noble) estabelecido nas Varas sobre o qual já fiz menção e de sua
esposa Theresa de Jesus Maria, nota-se que se casaram muito novos, pois
Francisco devia contar 15 ou 16 anos e Delmira 14 ou 15 anos, sendo que ela era
irmã de Ricardo seu padrasto. Vale ressaltar que o irmão de Francisco, Antônio
de Brito Cavalcanti (nascido entre 1838 e 1840 e falecido em 1879) casou entre
1856 e 1860 com Porcina Francisca Nobre (nascida em 1843 e falecida em 1900),
também com uma filha do inglês e muito jovens. Desse modo os dois rapazes
casaram com cunhadas da mãe e tias afins dos mesmos. Conta-se que o velho inglês
decidiu casar as duas filhas mais novas ainda quase meninas com os enteados de
seu filho Ricardo a fim de que as mesmas não fugissem como ocorrera com suas
duas filhas mais velhas que fugiram com os namorados.
Do casal Francisco e
Delmira nasceram os seguintes filhos: 1-
Ana de Brito Cavalcanti (Santana) nasceu na Volta, Afogados da Ingazeira a 21
de setembro de 1855. Faleceu solteira, já idosa em Mimoso; 2- Maria de Brito Cavalcanti nasceu a 23 de abril de 1857, casou-se
com Iôia, pais de 8 filhos; 3- Joaquim de Brito Cavalcanti, nasceu
a 26 de julho de 1860, casado com Maria Umbelina Cavalcanti (Santa), filha de
seus tios Antônio de Brito Cavalcanti e Porcina Nobre, não veio residir em
Mimoso ficou na Ipojuca; 4- José de
Brito Cavalcanti (Yoyô), casado com Amélia Sizilina de Brito, filha de Manoel
de Brito Cavalcanti e Amélia de Moura Cavalcanti, deixou 5 filhos; 5- Tereza de Brito Cavalcanti (Mana),
nasceu em Afogados da Ingazeira, a 6 de janeiro de 1866 e faleceu em Pesqueira,
a 19 de outubro de 1968, casou na Igrejinha de São Sebastião construída por seu
pai em 29 de novembro de 1900, com Luiz Tenório de Albuquerque Filho, conhecido
como Major Tenório, filho de Luiz Tenório de Albuquerque (Lulu) e de Joaquina
Branca Tenório ou Joaquina Branca de Siqueira Cavalcanti, pais de 4 filhos; 6- Isabel de Brito Cavalcanti,
solteira, já era falecida em 1930; 7-
Eliseu de Brito Cavalcanti, que desapareceu ainda jovem sem jamais dar
notícias; 8- João de Brito
Cavalcanti, nasceu em 1870 e faleceu em 1944 casado com Libânea de Assis Moura
Cavalcanti em 2 de setembro de 1899 ele com 29 anos e ela com 16, tiveram 14
filhos e residiam na fazenda Machado em Sertânia. Libânea era filha de
Francisco de Assis Moura Cavalcanti (Chico Portela da Fazenda Jerimum) e de
Clara de Moura Cavalcanti; 9- Francisco
de Brito Cavalcanti (Chico de Brito das Guaribas), nasceu em 1873 e faleceu em
1935, casado com Tereza de Brito Cavalcanti, filha de seus tios Antônio de
Brito Cavalcanti e Porcina Nobre, teve com ela 5 filhos e deixou duas filhas
com outra mulher; 10- Luiz de Brito
Cavalcanti (Lula), solteiro, tendo deixado vários filhos, nasceu em 1874 ou
1875 e faleceu em 1925.
Teresa de Brito Cavalcanti (D. Mana) filha de Chico de Brito e casada com o Major Tenório da Fazenda Propriedade (http://www.myheritage.com.br) |
Major Tenório ( foto: http://www.myheritage.com.br). |
Sobre Francisco de
Brito Cavalcanti, AOUN (1986, p. 01) fala que foi um dos mais famosos habitantes
de Mimoso nos últimos 25 anos do século XIX, que para lá se mudara, vindo da
Fazenda Boa Esperança, perto da vilazinha de Ipojuca, no atual município de
Arcoverde. Adquirindo terras nas férteis e verdejantes várzeas de Mimoso e
parte das serras do Mororó e das Guaribas. No Mimoso ele foi à autoridade
máxima e, segundo consta nada brando no trato com criminosos, principalmente
ladrões de cavalos.
Acompanharam o velho
Chico de Brito ao Mimoso apenas os filhos Francisco, Luiz (Lula), Maria,
Isabel, Teresa (Mana) e Ana (Santana), ou seja, considerando que os dois
últimos filhos foram os homens Francisco e Luiz, nascidos em 1873 e 1874/75,
respectivamente, temos como prova que Chico de Brito realmente se mudou para
Mimoso entre os anos de 1875 e 1876, dando origem ao povoamento e a expansão do
lugarejo que ainda se chamava Frexeiras.
Em Mimoso fixou
residência nos últimos anos de vida formando o clã dos Brito Cavalcanti e a
partir da sua descendência outras famílias que colaborariam para o desenvolvimento
e progresso do lugarejo a partir do século XX, construiu em conjunto com Lulu
Tenório pai de seu futuro genro a igrejinha da localidade sob o orago de São
Sebastião, onde foi sepultado num túmulo ao lado após falecer no começo do
século XIX, provavelmente entre os anos de 1901 a 1905. Quanto a sua esposa D.
Delmira não há informações da sua data de falecimento, se ocorreu antes ou
depois da sua.
Praça Jurandir de Brito em Mimoso, ao fundo a Igreja de São Sebastião construída por Francisco de Brito Cavalcanti, possivelmente entre os anos de 1880 e 1890. |
Nesta mesma época seu
irmão Antônio se fixou na Ipojuca, dando origem ao clã dos Britos Cavalcanti daquele
pujante povoado arcoverdense. Desse modo podemos concluir que os Brito
Cavalcanti de Ipanema, Mimoso e Ipojuca descendem de um mesmo tronco
genealógico, ou seja, de Francisco de Brito Cavalcanti da Fazenda Barra em
Ipanema que adotara esse sobrenome “Brito”
em homenagem a sua tetravô materna Ana Patência de Brito Cavalcanti, pois de
sua filha Maria Belmira de Brito Cavalcanti nasceu Francisco de Brito
Cavalcanti, homônimo do avô, tronco dos Brito Cavalcanti de Mimoso e Antônio de
Brito Cavalcanti, tronco dos Brito Cavalcanti de Ipojuca.
Por Fábio Menino de
Oliveira.
REFERÊNCIAS:
AOUN, Geraldo Tenório. A Vila de Mimoso: Pesqueira- PE tradições e costumes. Recife: Gráfica Editora Santa Cruz, 1986.
Brito Cavalcanti em Todas
as Coleções. Disponível em: http://www.myheritage.com.br/research?action=query&formId=1&formMode=0&qname=Name+fnmo.2+fnmsvos.1+fnmsmi.1+ln.Brito%2F3Cavalcanti+lnmo.3+lnmsdm.1+lnmsmf3.1+lnmsrs.1&p=7.
Acesso em 30 jun. 2015.
SAMPAIO, Yony. Francisco Ricardo Nobre, o inglês da Volta
e sua descendência/ Yony Sampaio & Geraldo Tenório Aoun; apresentação
Gilvan de Almeida Maciel. Recife: CEHM/FIDEM, 2003.
Continue em frente.Esta sua explanação sobre a história de mimoso e região é muito boa.Parabéns.
ResponderExcluirObrigado Aldivan.
ExcluirMatéria excelente! Rica de informações e bem ilustrada. Seus artigos já viraram referência para mim.
ResponderExcluirObrigado amigo.
ExcluirOlá Fábio,
ResponderExcluirVocê saberia me dizer o nome dos irmãos de Maria Delmira? Há o nome deles no registro de órfãos do pai dela?
Obrigado por sua atenção,
Paulo
Olá meu caro Paulo, primeiro gostaria de agradecer o contato e respondendo sua pergunta os filhos de Francisco de Brito Cavalcanti (falecido em 1837) e Brites Josefina de Albuquerque (falecida em 1843) foram:1-Maria Delmira Cavalcanti, 13 anos em 1837; 2-José de Albuquerque Cavalcanti, 9 anos; 3-Luiz Cavalcanti de Albuquerque Brito, 7 anos; 4-João Florentino de Brito, 1 ano. Havia ainda um filho natural reconhecido de Francisco de Brito, chamado Alberto de Brito Cavalcanti, com 23 anos em 1837.
ExcluirEsses dados encontram-se no livro do genealogista Dr. Orlando Cavalcanti, bem como no meu livro intitulado Barra- Reminiscências e Notas para a História de Ipanema, Pesqueira.
Saudações cordiais,
Fábio Menino.
Fabio, boa tarde.
ResponderExcluirMeu nome Cleomendes Moraes, sou um pesquisador sobre os meus familiares, segundo relatos e alguns livros contam que no ano de 1877, fugido da grande seca apareceram nas terras do Piaui tres irmaos FLORIANO JOSE DE SIQUEIRA, ANTONIO MIGUEL DE SIQUEIRA E JOSE MIGUEL DE SIQUEIRA, acompanhando de um cunhado JOAO MORAES DE OLIVEIRA esse era casado com JUANA VIERIA DE SIQUEIRA. Minha pergunta e. Fazem parte na mesma familia.
Tem outros relatos que contam que eles fugiram de briga familiares.