A capela do povoado de Ipanema foi
construída entre os anos de 1912 e 1913 nas terras pertencentes ao fazendeiro
Leopoldo de Carvalho de Cavalcanti (30/09/1860 – 1925), tendo sido ele e seus
familiares os idealizadores da edificação de um templo de fé na comunidade.
A autorização para fazer celebrações e
ministrar os sacramentos foi dada pelo Arcebispo de Olinda, Dom Luís Raimundo da
Silva Brito, em 28 de setembro de 1915, conforme atesta o documento transcrito
a seguir e que consta lavrado no Livro Tombo da Catedral de Santa Águeda
(Diocese de Pesqueira). Segue-se:
Sobre Capela da Barra
Luís, por Mercê de Deus e da
Santa Sé Apostólica
Arcebispo Metropolitano de Olinda
Aos que a presente virem por a
benção no Senhor.
Fazemos saber, que atendendo ao
que nos representou Leopoldo de Carvalho Cavalcanti, e considerando a esta
Capela de Nossa Senhora da Conceição, única que (*ilegível) na estação de
Ipanema, colocada na propriedade do mesmo, havemos por bem declará-la Capela
(*ilegível), para nela puder ser celebrada o Santo Sacríficio da Missa, e o
ministraram-se os sacramentos, salvos os direitos paroquiais. Esta será
apresentada ao Rdo. Pároco competente para ser registrada no Livro
do Tombo.
Dado e passado em Cimbres, aos 28
de Setembro de 1915, sob nosso sinal e valendo sem o selo (*ilegível).
Luís, Arcebispo de Olinda.
Baseado neste documento e nas buscas em
livros eclesiásticos das Matrizes de Cimbres e Santa Águeda nos primeiros anos
do século XX é possível comprovar que o primeiro sacramento celebrado na Capela
de Ipanema foi o matrimônio de Vespasiano Ferreira da Silva e Sebastiana
Pereira de Araújo, ocorrido em 25/09/1915.
Aos vinte e cinco de setembro de
mil novecentos e quinze, em Olho d’Água dos Bredos desta Freguesia, digo, em Ipanema
de Pesqueira, dispensados de consanguinidade, banhos e certidões, perante as
testemunhas André Napoleão de Siqueira e Francisco de Moura Cavalcanti de
licença do Exmo. Sr. Arcebispo de Olinda, O Reverendo Padre Manoel Gonçalves,
assistiu ao enlace matrimonial de Vespasiano Ferreira da Silva e Sebastiana
Pereira de Araújo; ele filho natural de Graça Ferreira da Anunciação; ela filha
legítima de Sebastião Pereira de Araújo e Olegária Joaquina da Conceição. Os
nubentes são naturais e moradores desta freguesia. E para constar faço este
termo que assino. Padre Rafael Arcanjo de Meira Lima. Vigário1.
Na certidão lê-se claramente a licença
concedida pelo Arcebispo de Olinda, só havendo uma divergência de 04 dias na
data, possivelmente o documento enviado por D. Luís de Brito para a Matriz de
Santa Águeda, tenha sido registrado no Livro Tombo alguns dias depois.
O referido documento que me foi cedido
recentemente por Marcelo O. Nascimento é de suma importância no esclarecimento
de dúvidas que não foram possíveis obtermos respostas quando escrevi o livro
Barra: reminiscências e notas para a história do povoado de Ipanema.
A principal dúvida diz respeito ao primeiro
padroeiro de Ipanema, Luís Wilson no livro Ararobá, Lendária e Eterna (1980, p.
64), ao falar sobre o antigo Sítio Barra que deu origem ao atual povoado de
Ipanema, assim escreveu:
[...] no qual se instalou e é
desde que ali chegaram em 1909 os trilhos da antiga “GreatWestern”, a povoação
de IPANEMA, ribeira do rio desta designação, com a sua Igrejinha de São Joaquim e, em minha adolescência, com os seus pés
de flamboyants e uma venda com uma gaiola de canário-de-briga, na porta da
esquina da ruazinha. (grifos nossos)
Segundo
Luís Wilson, o orago da igrejinha recentemente construída no povoado foi dado a
São Joaquim, e a princípio pensávamos que só alguns anos depois é que o orago passou
a ser Nossa Senhora da Conceição, todavia, a santa já era padroeira de Ipanema
desde 1915.
Dom Luís de Brito (1840-1915) |
Mais
como na pesquisa histórica se esclarece uma dúvida e surgem outras, nos
indagamos o porquê de Luís Wilson que conheceu Ipanema na mocidade dizer que o
primeiro orago da capela foi São Joaquim? Será que depois da construção a
capela teve dois oragos ao mesmo tempo, ou seja, São Joaquim e Nossa Senhora da
Conceição?
Quiçá em breve possamos responder esses questionamentos, por ora, nos cabe mostrar as novas informações localizadas e que não puderam estar no livro sobre a história do povoado.
Quiçá em breve possamos responder esses questionamentos, por ora, nos cabe mostrar as novas informações localizadas e que não puderam estar no livro sobre a história do povoado.
Por Fábio Menino de Oliveira.