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sábado, 17 de março de 2018

A CAPELA DE IPANEMA




A capela do povoado de Ipanema foi construída entre os anos de 1912 e 1913 nas terras pertencentes ao fazendeiro Leopoldo de Carvalho de Cavalcanti (30/09/1860 – 1925), tendo sido ele e seus familiares os idealizadores da edificação de um templo de fé na comunidade.
A autorização para fazer celebrações e ministrar os sacramentos foi dada pelo Arcebispo de Olinda, Dom Luís Raimundo da Silva Brito, em 28 de setembro de 1915, conforme atesta o documento transcrito a seguir e que consta lavrado no Livro Tombo da Catedral de Santa Águeda (Diocese de Pesqueira). Segue-se:
Sobre Capela da Barra
Luís, por Mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica
Arcebispo Metropolitano de Olinda
Aos que a presente virem por a benção no Senhor.
Fazemos saber, que atendendo ao que nos representou Leopoldo de Carvalho Cavalcanti, e considerando a esta Capela de Nossa Senhora da Conceição, única que (*ilegível) na estação de Ipanema, colocada na propriedade do mesmo, havemos por bem declará-la Capela (*ilegível), para nela puder ser celebrada o Santo Sacríficio da Missa, e o ministraram-se os sacramentos, salvos os direitos paroquiais. Esta será apresentada ao Rdo. Pároco competente para ser registrada no Livro do Tombo.
Dado e passado em Cimbres, aos 28 de Setembro de 1915, sob nosso sinal e valendo sem o selo (*ilegível).
Luís, Arcebispo de Olinda.

Baseado neste documento e nas buscas em livros eclesiásticos das Matrizes de Cimbres e Santa Águeda nos primeiros anos do século XX é possível comprovar que o primeiro sacramento celebrado na Capela de Ipanema foi o matrimônio de Vespasiano Ferreira da Silva e Sebastiana Pereira de Araújo, ocorrido em 25/09/1915.
Aos vinte e cinco de setembro de mil novecentos e quinze, em Olho d’Água dos Bredos desta Freguesia, digo, em Ipanema de Pesqueira, dispensados de consanguinidade, banhos e certidões, perante as testemunhas André Napoleão de Siqueira e Francisco de Moura Cavalcanti de licença do Exmo. Sr. Arcebispo de Olinda, O Reverendo Padre Manoel Gonçalves, assistiu ao enlace matrimonial de Vespasiano Ferreira da Silva e Sebastiana Pereira de Araújo; ele filho natural de Graça Ferreira da Anunciação; ela filha legítima de Sebastião Pereira de Araújo e Olegária Joaquina da Conceição. Os nubentes são naturais e moradores desta freguesia. E para constar faço este termo que assino. Padre Rafael Arcanjo de Meira Lima. Vigário1.
Na certidão lê-se claramente a licença concedida pelo Arcebispo de Olinda, só havendo uma divergência de 04 dias na data, possivelmente o documento enviado por D. Luís de Brito para a Matriz de Santa Águeda, tenha sido registrado no Livro Tombo alguns dias depois.
O referido documento que me foi cedido recentemente por Marcelo O. Nascimento é de suma importância no esclarecimento de dúvidas que não foram possíveis obtermos respostas quando escrevi o livro Barra: reminiscências e notas para a história do povoado de Ipanema.
A principal dúvida diz respeito ao primeiro padroeiro de Ipanema, Luís Wilson no livro Ararobá, Lendária e Eterna (1980, p. 64), ao falar sobre o antigo Sítio Barra que deu origem ao atual povoado de Ipanema, assim escreveu:
[...] no qual se instalou e é desde que ali chegaram em 1909 os trilhos da antiga “GreatWestern”, a povoação de IPANEMA, ribeira do rio desta designação, com a sua Igrejinha de São Joaquim e, em minha adolescência, com os seus pés de flamboyants e uma venda com uma gaiola de canário-de-briga, na porta da esquina da ruazinha. (grifos nossos)
Segundo Luís Wilson, o orago da igrejinha recentemente construída no povoado foi dado a São Joaquim, e a princípio pensávamos que só alguns anos depois é que o orago passou a ser Nossa Senhora da Conceição, todavia, a santa já era padroeira de Ipanema desde 1915.
Dom Luís de Brito (1840-1915)
  Mais como na pesquisa histórica se esclarece uma dúvida e surgem outras, nos indagamos o porquê de Luís Wilson que conheceu Ipanema na mocidade dizer que o primeiro orago da capela foi São Joaquim? Será que depois da construção a capela teve dois oragos ao mesmo tempo, ou seja, São Joaquim e Nossa Senhora da Conceição? 
       Quiçá em breve possamos responder esses questionamentos, por ora, nos cabe mostrar as novas informações localizadas e que não puderam estar no livro sobre a história do povoado.

Por Fábio Menino de Oliveira.
        

1 Livro de Matrimônios da Matriz de Cimbres, Jul. 1915-Jun.1921. Termo nº 78, fls. 6.

Um comentário:

  1. Muito interessante e muita acurácia no seu comentário sobre a capela de Ipanema; parabéns professor!

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