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segunda-feira, 29 de junho de 2015

MIMOSO 1859 [Notas para a sua história- 2ª parte]

Mimoso em 03 de outubro de 1929 (www.estacoesferroviarias.com.br ).

Um ofício manuscrito de 1859, o registro mais antigo sobre Mimoso:

Abaixo transcreverei um trecho do ofício datado de 20 de abril de 1859 da Mesa Eleitoral de Cimbres ao Ministro do Império encaminhando atas de eleições e a lista de cidadãos votantes, consta o alistamento eleitoral de cidadãos na região do 8º Quarteirão Eleitoral de Frexeiras. Segue-se:

[...] Ata da Lista, digo, Ata da Revisão da Lista dos cidadãos votantes de Nossa Senhora das Montanhas da Freguesia de Cimbres. Aos dezessete dias do mês de janeiro de mil oitocentos e cinquenta e nove, nesta Capela de Nossa Senhora Mãe dos Homens, Freguesia da Comarca do Brejo da Madre de Deus, Província de Pernambuco pelas nove horas da manhã do mencionado dia. [...] Que devia proceder à organização da Lista Geral da Revisão dos cidadãos votantes desta freguesia eliminando-se da qualificação dos anos anteriores os que tiverem falecidos, mudado ou perdido as qualidades de votantes, incluindo-se os nomes dos que houverem adquirido as qualidades de votantes os que deste qualificados tais e tiverem de conformidade às disposições da mesma Lei cujos nomes adiante se seguem: [...] 8º Quarteirão Eleitoral de Frexeiras: Ângelo José de Espindola, Antônio Francisco dos Santos, Antônio Carneiro, Antônio Leonardo, Antônio Victor de Araújo, Antônio Thomaz de Holanda, Alexe Pereira Cavalcanti, Antônio Leite de Siqueira, Antônio Joaquim das Veras, Antônio Marinho Cavalcanti,  Antônio José de Souza, Antônio Nicácio Pereira, Antônio Manoel do Espírito Santo, Antônio Francisco de Torres, Antônio Francisco Ribeiro, André José de Espíndola, Canuto Monteiro de Albuquerque, Daniel Rodrigues Torres, Francisco Cavalcanti de Albuquerque, Francisco Cavalcanti de Albuquerque Júnior, Faustino José de Souza, Francisco José de Espíndola, Francisco Felismino, Florentino Ribeiro, Francisco Antônio Medrado, Francisco Pereira da Silva, Francisco Ribeiro de Espíndola, Gabriel Arcanjo de Oliveira, Joaquim de Albuquerque Cavalcanti, Joaquim Evaristo Rogaziano, Joaquim Jorge de Albuquerque, José Francisco Bezerra, Joaquim José de Araújo, Joaquim José de Sant’Anna, Joaquim Marinho de Espíndola, José Claudino, João Francisco de Macena, José Maurício de Espíndola, Joaquim José de Espíndola, Victuriano Monteiro, João da Costa Monteiro, José Canuto da Silva, José Correia de Araújo, José Evaristo de Espíndola, José André de Espíndola, João José de Torres, José de Oliveira Torres, Joaquim Leite da Silva, Luís Tenório de Albuquerque, Leodegário Mitiano, Leonardo Bezerra de Oliveira, Luís de França Figueiredo, Luís Correia de Araújo, Lourenço de Mello, Manoel Ignácio, Manoel Leonardo, Marcelino José Ferreira, Manoel de Oliveira, Manoel Zeferino Leite de Siqueira, Manoel Lacerda da Silva, Manoel Pereira da Cunha, Manoel Joaquim da Anunciação, Pantaleão da Silva Cavalcanti, Pedro José da Silva Tavares, Vasco Marinho de Espindola, Zeferino Pereira da Cunha, Zacarias José da Cruz[...].

Nesta ata consta o alistamento de 65 eleitores no Quarteirão de Frexeiras algo semelhante como as seções eleitorais de hoje, o que demonstra o povoamento da região onde hoje está Mimoso e os sítios circunvizinhos provavelmente a partir de 1850. Todavia, ainda não dá para precisar uma data para fundação do Sítio Frexeiras, atual Mimoso, pois ao que consta a região foi povoada a partir do surgimento de pequenas propriedades, o que dificulta especificar uma data e o lugar da fundação.

Luís Wilson em seu livro Minha cidade, minha saudade (Rio Branco- Arcoverde reminiscências) de 1972, p.133 menciona que “o nosso secular Mimoso que havia sido também Frexeiras voltou ao seu primitivo nome”. O termo secular usado por Luís Wilson é mais uma fonte de comprovação do povoamento da região a partir de 1850.

No trecho do ofício citado acima está o nome de Luís Tenório de Albuquerque (Lulu), que veio de Quebrângulo em Alagoas e se estabeleceu na Fazenda Propriedade entre os anos de 1854 e 1857, sendo este o patriarca dos Tenórios de Mimoso e região, sendo este o único Tenório da lista, o que comprova que o mesmo foi o primórdio da família na região.

Luís Tenório de Albuquerque (Lulu)

Brasão da família Tenório.


Quebrângulo-AL, “O berço dos Tenórios de Mimoso e região”.


Quebrângulo- AL, foto quebrangulo.blogspot.com.

Histórico:
Os mais antigos habitantes, firmados no que ouviram dos seus antepassados, contam que o local onde se levantou a povoação foi primitivamente habitado pelos índios Chucurus que vieram formar aldeia nas proximidades da serra da Palmeira dos Índios, já encontrados aí estabelecidos os Cariris, emigrados de Pernambuco, em consequência da seca que assolou os sertões no ano de 1740. Dizem outros, que aí houve antigamente um quilombo de pretos fugitivos. Viviam, eles, de nozes de palmeira e principalmente da caça de caititus, que em manadas, pastavam no próprio local onde hoje é a cidade. Sendo o chefe desse quilombo excelente caçador, chamavam-no “Quebrângulo”, que na gíria dos negros significa “matador de porcos”. Teve também o nome de Vitória, voltando posteriormente à denominação primitiva.

Gentílico: quebrangulense. 

Formação Administrativa:
Distrito criado com a denominação de Quebrângulo, pela lei provincial nº 301, de 13-06- 1856. Elevado à categoria de vila com denominação de Quebrângulo, pela lei provincial nº 624, de 16-03-1872, desmembrado de Viçosa (ex-Assembléia). Instalado em 05-09-1872. Pelo decreto estadual nº 4, de 20-02-1890, a vila é extinta, sendo seu território anexado ao município de Assembléia. Elevado novamente à categoria de vila com denominação de Vitória, pelo decreto estadual nº 47, de 27-09-1890, desmembrado de Assembléia. Sede no atual distrito de Vitória ex-Quebrângulo. Constituído do distrito sede. Reinstalado em 19-09-1890. Elevado à categoria de cidade com a denominação de Vitória, pela lei estadual nº 593, de 06-06-1910. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município já denominado Vitória é constituído do distrito sede. Pela lei estadual nº 1139, de 20-06-1928, voltou a denominar-se Quebrângulo. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído do distrito de sede. Em divisões territoriais datadas de 31-12-1936 e 31-12-1937, o município aparece constituído de 2 distritos: Quebrângulo e Paulo Jacinto. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 2 distritos: Quebrângulo e Paulo Jacinto. Pela lei nº 1747, de 02-12-1953, desmembra do município de Quebrângulo o distrito de Paulo Jacinto. Elevado à categoria de município. Em divisão territorial datada de 01-07-1960, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. Alterações toponímicas municipais Quebrângulo para Vitória alterado, pelo decreto estadual nº 47, de 27-09-1890. Vitória para Quebrângulo alterado, pela lei estadual 1139, de 20-06-1928.

População:
Sua população estimada em 2007 era de 11.289 habitantes. Situa-se na parte norte de Alagoas, faz parte da Microrregião de Palmeira dos Índios, antigamente denominada de "Zona da Mata".

Território:
Ocupa uma área territorial de 342 km² e dista da capital, por estrada de rodagem, 115 quilômetros e por estrada de ferro 135 quilômetros.

Estação ferroviária de Quebrângulo em 2010 (www.estaçõesferroviarias.com.br).


Municípios limítrofes:
Palmeira dos Índios, Paulo Jacinto e Chã Preta em Alagoas e Bom Conselho em Pernambuco.

Localização no mapa de Alagoas (https://pt.wikipedia.org/wiki/Quebrangulo).


Famílias da Região de Mimoso em 1859:


O oficio nos revela nomes de homens que certamente foram o tronco de várias famílias que habitam a região até hoje. São elas: Espíndola, Santos, Araújo, Pereira Cavalcanti, Leite de Siqueira, Souza, Marinho Cavalcanti, Oliveira Torres, Cavalcanti de Albuquerque, Monteiro de Albuquerque, Bezerra, Marinho de Espíndola, Silva, Oliveira, Tavares, Melo, Correia, Cunha, Macena, Ribeiro e Tenório de Albuquerque.


As famílias na década de 40:


Geraldo Aoun (1986, p.86) faz uma breve descrição das famílias nos idos de 1940 que habitavam a região de Mimoso:

“As famílias principais, do distrito de Mimoso, eram os Tenórios e os Britos, que se mesclaram, formando um numeroso grupo de Tenório de Brito. Havia os Moura Cavalcanti do ‘Jerimum’, os Albuquerque Cavalcanti do ‘Jatobá’, parentes dos Tenório. Na periferia, os Bezerras, do velho Miguel Bezerra, os Climérios, do sítio do mesmo nome, uma família de caboclos altos e fortes, gente pacata e honrada; os Santos dos ‘Coités’ e os Teixeira, do ‘Guarda’, gente branca, de sangue à flor da pele. Havia também, os Soares, de Frexeira Velha, de Vital Soares, antigo administrador da Fábrica Peixe. [...]Convém citar, ainda, os Marinho, do perímetro da vila, baixinhos e avermelhados. Havia, naturalmente, outros grupos menores.”


Fazendo um paradoxo entre a citação de Geraldo Aoun e o ofício de 1859, notamos a existência de grupos familiares correlatos e que deram origem ao povoamento de Mimoso e adjacências, bem como contribuíram para o seu desenvolvimento ao longo das décadas.


Por Fábio Menino de Oliveira.


REFERÊNCIAS:

AOUN, Geraldo Tenório. A Vila de Mimoso: Pesqueira- PE tradições e costumes. Recife: Gráfica Editora Santa Cruz, 1986.

Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro- secção de manuscritos. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/cmc_ms618_27_38/cmc_ms618_27_38.pdf>. Acesso em 11 jun. 2015.

IBGE. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/alagoas/quebrangulo.pdf. Acesso em 29 jun. 2015.

MyHeritage. Tenório de Albuquerque em todas as coleções. Disponível em: <www.myheritage.com.br>. Acesso em 25 jun. 2015 (Foto).

WIKIPÉDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Quebrangulo. Acesso em 29 jun. 2015.


WILSON. Luís. Minha cidade, minha saudade (Rio Branco- Arcoverde reminiscências). Recife: Editora Universitária da UFPE, 1972.

sábado, 27 de junho de 2015

FAZENDA JERIMUM [Notas para sua história- 1ª Parte]



Sede e Entrada da Fazenda Jerimum  (Foto do blog: pesqueiralendáriaeeterna.com.br).

As origens:

A origem desta fazenda situada a aproximadamente cinco quilômetros de Mimoso, remonta ao século XIX provavelmente a partir de 1840, ao que consta pertencera ao Capitão Francisco Cavalcanti de Albuquerque Santos, foi ele antigo senhor das Fazendas Jerimum, Propriedade, além de outras terras, inclusive na periferia da cidade de Pesqueira, um adendo no artigo da Fazenda Propriedade eu disse que seu nome era Francisco de Siqueira Cavalcanti, no entanto nova fonte revelou que o seu sobrenome era na verdade Cavalcanti de Albuquerque Santos e com relação ao seu parentesco com o Capitão-mor Manuel José de Siqueira fundador da Fazenda Poço Pesqueira em 1800, nos resta esclarecido que Francisco era seu sobrinho neto, pois era filho do Tenente Coronel Francisco Cavalcanti de Albuquerque e de Joaquina de Siqueira Cavalcanti, sendo esta filha de Joaquim Inácio de Siqueira e de Maria de Jesus Cavalcanti. Joaquim era o 2º filho do Mestre de campo Pantaleão de Siqueira Barbosa, português estabelecido nos vales sertanejos do Jeritacó e do Moxotó e de sua esposa Ana Leite de Oliveira, cujo primeiro filho foi o Capitão- mor Manuel José de Siqueira. (A posteriori descreverei a árvore genealógica da família).

Sabe-se que o velho Capitão Chico Cavalcanti tinha a natureza violenta e arrebatada, consta que andou envolvido nas demandas e lutas com os índios Xucurus da Serra de Ororubá, para expulsá-los das fazendas de criação de outros fazendeiros. Era bastante influente na região, sendo eleito Conselheiro do primeiro Conselho Municipal de Pesqueira, quando este foi instalado após o advento da República em 1893.

Seu irmão o também Capitão Joaquim de Albuquerque Cavalcanti, da Fazenda Lagoa Direita em Pesqueira já havia sido o último presidente da Câmara de Cimbres antes da proclamação da República em 1889.

Sua filha Branca de Siqueira Cavalcanti (Yayá) casou com Luiz Tenório de Albuquerque (Lulu), que veio de Quebrângulo em Alagoas, sendo primo do Coronel Paulo Jacinto Tenório de Albuquerque, Barão de Palmeira dos Índios, segundo nos repassou Murilo Tenório de Freitas atual proprietário da Fazenda Jerimum, o mesmo era casado e deixou outra família em Quebrangulo, algo que precisa ser investigado e divulgado em linhas posteriores.

Desta união originam-se os “Tenórios de Mimoso”, vale ressaltar que na segunda metade do século XIX se espalharam alguns grupos de Tenórios na região, através de Santo Antônio do Tará, atual município de Venturosa vieram Luiz Tenório de Albuquerque que se estabeleceu na Fazenda Propriedade após casar e Bento Tenório Cavalcanti da Fazenda Jatobá (distrito de Mimoso), sendo primos. Teve o grupo da Fazenda Gentio, também no atual município de Venturosa, ao qual pertencem o Coronel Honório Tenório de Carvalho Cavalcanti (Fazenda Catolé) e seus irmãos João, Lourenço e Antônio (Yoyô) Tenório de Carvalho (Fazenda Jerimun), todos se tornaram fazendeiros fortes na região e também eram primos de Lulu Tenório.

Provavelmente após o falecimento do Capitão Chico Cavalcanti, o sucedeu no comando do Jerimum seu filho Capitão Santo de Moura Cavalcanti, que por sua vez a repassou para seu filho Francisco de Moura Cavalcanti, mais conhecido com Chico Portela.

Consta que Chico Portela tinha uma filha chamada Maria Alice Assis Cavalcanti que se casou com Antônio Tenório de Carvalho (Yoyô Tenório) da Fazenda Gentio, em Venturosa, em meados da década de 30 e recebera uma parte do Jerimum como herança, sendo, portanto a velha fazenda dividida. Na parte de Yoyô o mesmo construiu uma casa nos idos da década de 40 e lá se estabeleceu um parêntese à parte de Yoyô é onde hoje se encontra encravado o Povoado Novo Cajueiro e sua casa foi reformada e transformada em escola da nova povoação.


 Residência de Yoyô Tenório e de Maria Alice, atual Escola do Povoado Novo Cajueiro (Foto do blog: pesqueiralendáriaeeterna.com.br).


A partir da década de 40, Yoyô adquiri a parte do seu sogro Chico Portela ficando como único dono da Fazenda Jerimum, mas a mesma voltaria a ser dividida antes da sua morte.

Antônio Tenório de Carvalho (Yoyô):


Nascimento: 05 de junho de 1876, Fazenda Joazeiro (município e estado ainda não identificado. Falecimento: 06 de novembro de 1971, Pedra-PE. 
Pais: João Tenório de Albuquerque Cavalcanti (Janjão) e Ana Vitória de Moura Cavalcanti (Mãe Naninha). 
Esposa: Maria Alice Assis Cavalcanti. 
Filhos: Joana Tenório de Freitas (Joaninha), Ana Tenório de Freitas (Minininha), Adelaide Tenório de Freitas, Antônio Tenório de Assis (Tenorinho), Maria Adelaide Tenório de Assis (Adê), Maria Amália Assis Tenório e Maria Celeste Assis Tenório. 
Irmãos: Honório Tenório de Carvalho Cavalcanti, João Tenório de Carvalho e Lourenço Tenório de Carvalho.


Maria Alice Assis Cavalcanti:


Nascimento: aproximadamente em 1897. Falecimento: 13 de dezembro de 1949, Recife-PE. 
Pais: Francisco de Moura Cavalcanti (Chico Portela) e sua esposa que desconheço o nome. 
Esposo: Antônio Tenório de Carvalho (Yoyô).

Os pais de Yoyô Tenório:

João Tenório de Albuquerque Cavalcanti (Janjão)

Nascido em 1832 e falecido em 1910. 
Filho de: Lourenço da Silva Cavalcanti e Luiza Tenório Cavalcanti. 
Esposa: Ana Vitória de Moura Cavalcanti. 
Filhos: Honório Tenório de Carvalho Cavalcanti, João Tenório de Carvalho, Lourenço Tenório de Carvalho e Antônio Tenório de Carvalho (Yoyô).


Ana Vitória de Moura Cavalcanti (Mãe Naninha)

Nascida em 1832 e falecido em 9 de setembro de 1913. 
Esposo: João Tenório de Albuquerque Cavalcanti (Janjão).




O ano de 1949:

Segundo o relato de Murilo Tenório de Freitas, após o casamento de seus pais Noé Rodrigues de Freitas (1920-1980) e Maria Amália de Assis Tenório (1920-1970) que depois de casada passou a usar o sobrenome Tenório de Freitas, que era filha de Yoyô Tenório os mesmos foram morar em Recife.
Foto do casamento de Noé e Maria Amália (Foto do blog: pesqueiralendáriaeeterna.com.br).


Provavelmente no ano de 1948, o casal se estabeleceu na Fazenda Jerimum e em 1949, Noé construiu uma casa no lugar da antiga sede, casa que existe atualmente. Amália recebeu parte da Fazenda por herança de sua mãe falecida em 1949, juntamente com sua irmã Maria Celeste e os outros irmãos ficaram com a herança da Fazenda Gentio, em Venturosa.


 Sede da Fazenda Jerimum construída em 1949 (Foto do blog: pesqueiralendáriaeeterna.com.br).

A seguir Noé compra a parte de Maria Celeste e do seu esposo Hercílio, unificando a parte mais antiga da fazenda, sendo que simultaneamente a partir de 1950 passa a existir as Fazendas Jerimum I pertencente a Noé e Maria Amália e Jerimum II pertencente à Yoyô Tenório e sua nova esposa Josefa, pois ficara viúvo e contraiu novo matrimônio.
Depois de alguns anos Yoyô vendeu a Jerimum II a Plínio Honório, que repassou para seu filho Geraldo Plínio, este vendeu a Valdeci Tenório, que vendeu a Valdemar de Brito, que por sua vez vendeu à Prefeitura de Pesqueira para a instalação do Povoado de Novo Cajueiro.

 Povoado de Novo Cajueiro edificado nas terras da centenária Fazenda Jerimum (Foto do blog: pesqueiralendáriaeeterna.com.br).


Noé Rodrigues de Freitas:

Do seu casamento com Maria Amália deixou os seguintes filhos em ordem cronológica: Jorge Tenório de Freitas, Antônio Tenório de Freitas, Murilo Tenório de Freitas, Valderi Tenório de Freitas e Maria Assunção Tenório de Freitas. Ficando viúvo em 1970 casou em 2ª núpcias com Ivonete Nicácio de Freitas e com ela teve duas filhas: Noemi e Jaqueline Nicácio de Freitas.

Com o seu falecimento em 1980 a fazenda passou para as mãos do seu filho Murilo que permanece seu proprietário, sendo assim a Fazenda Jerimum continua na mesma família há 6 gerações.


A ascendência materna de Murilo Tenório de Freitas:

Pais: Noé Rodrigues de Freitas e Maria Amália Tenório de Freitas;

Avôs maternos: Antônio Tenório de Carvalho (Yoyô) e Maria Alice Assis Cavalcanti.

Bisavôs maternos: Yoyô filho de- João Tenório de Albuquerque Cavalcanti e Ana Vitória de Moura Cavalcanti;
Maria Alice filha de- Francisco de Moura Cavalcanti (Chico Portela) e sua esposa que desconheço o nome.

Trisavôs maternos: João filho de- Lourenço da Silva Cavalcanti e Luiza Tenório Cavalcanti;
Ana Vitória filha de- Semeão Correia Lima Cavalcanti e Vitória Moura Bezerra Cavalcanti;
Francisco filho de- Santo de Moura Cavalcanti e sua esposa que desconheço o nome.

Tetravôs maternos: Santo filho de- Francisco de Albuquerque Cavalcanti Santos e sua esposa que desconheço o nome.

Quinto avôs maternos: Francisco filho de- Tenente Coronel Francisco Cavalcanti de Albuquerque e Joaquina de Siqueira Cavalcanti.

Sexto avôs maternos: Joaquina filha de- Joaquim Inácio de Siqueira e Maria de Jesus Cavalcanti.

Sétimo avôs maternos: Joaquim segundo filho de- Pantaleão de Siqueira Barbosa e Ana Leite de Oliveira (pais do Capitão-mor Manuel José de Siqueira, fundador de Pesqueira em 1800);
Maria de Jesus filha do- Capitão Leonardo Bezerra Cavalcanti e Catarina Alexandrina Pessoa (Pais de Úrsula Jerônima Cavalcanti de Albuquerque, esposa do Capitão André Arcoverde da outrora Fazenda Barra, atual povoado de Ipanema).

Oitavo avôs maternos: Pantaleão filho de- Antônio de Siqueira e Izabel de Souza Vasconcelos;
Ana Leite filha de- Belchior Rodrigues de Abreu (fidalgo português) e Maria Madalena da Rocha;
Cap. Leonardo filho do- Capitão-mor Manuel Leite da Silva (fundador da cidade da Pedra, vereador e presidente do Senado da Câmara de Cimbres quando foi instalado em 1762) e Maria de Araújo Cavalcanti de Albuquerque;
Catarina Alexandrina filha de- Manuel Camelo Pessoa de Sá e Luiza Lins da Rocha Wanderley.

Nono avôs maternos: Capitão-mor Manuel filho de- Bento Leite de Oliveira (fidalgo português radicado em Sergipe e depois Alagoas) e Ascença da Silva Cavalcanti (esta, descendente em linha reta dos europeus Arnau de Holanda e Filipe Cavalcanti, nobres pioneiros da colonização de Pernambuco, nos idos da Donataria de Duarte Coelho);
Maria de Araújo filha de- Manuel de Araújo Cavalcanti e Brásia Bezerra Cavalcanti de Albuquerque.

Pela descrição genealógica acima se percebe que o atual proprietário da Fazenda Jerimum é descendente direto dos primeiros desbravadores da região da Serra do Ororubá (Vila de Cimbres), de Ipanema, Mimoso, Pesqueira, Pedra, Venturosa e o Moxotó. Para citar um exemplo, o irmão do seu sétimo avô era o Capitão-mor Manuel José de Siqueira, fundador da fazenda que originou Pesqueira.  
Sua descendência em linha reta nos revela, portanto o quanto histórica é Fazenda Jerimum e o quanto de história tem o Sr. Murilo Tenório de Freitas, como um dos únicos remanescentes da família a possuir terras na região assim como seus antepassados.


Por Fábio Menino de Oliveira.


REFERÊNCIAS:

BARBALHO. Nelson. Cablocos do Urubá. Recife: FIAM/CEHM, 1977.

ENTREVISTA: Murilo Tenório de Freitas.


quinta-feira, 25 de junho de 2015

A FAZENDA PROPRIEDADE 1850- 1942 [Parte 2].

Duas fotos históricas:


Luís Tenório de Albuquerque (Lulu Tenório), antigo dono da Fazenda Propriedade, precursor dos Tenórios da região de Mimoso.


Luís Tenório de Albuquerque Filho (Major Tenório) sucedeu o pai no comando da Propriedade, sendo seu dono até 1941. Conselheiro Municipal de Pesqueira (1907/1910-1910/1913), Prefeito de Pesqueira (1919/1923) e Patrono da Escola de Mimoso.



Um documento de 1859:


Em ofício datado de 20 de abril de 1859 da Mesa Eleitoral de Cimbres ao Ministro do Império encaminhando atas de eleições e a lista de cidadãos votantes, consta o alistamento eleitoral de Luís Tenório de Albuquerque no 8º Quarteirão Eleitoral de Frexeiras, atual Mimoso, o que comprova a tese do meu artigo anterior sobre o mesmo ter se estabelecido na Propriedade após seu casamento entre 1854 e 1857, no referido documento vale destacar também que o mesmo é o único Tenório citado na região.
Assim como este documento que escreverei depois no meu segundo artigo sobre Mimoso, torna-se a fonte histórica mais antiga sobre este distrito.




Por Fábio Menino de Oliveira.


REFERÊNCIAS:


Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro- secção de manuscritos. Disponível em: < http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/cmc_ms618_27_38/cmc_ms618_27_38.pdf>. Acesso em 11 jun. 2015.

MyHeritage. Tenório de Albuquerque em todas as coleções. Disponível em: < www.myheritage.com.br>. Acesso em 25 jun. 2015 (Fotos).

terça-feira, 23 de junho de 2015

RELÍQUIA: UM DOCUMENTO DE CIMBRES COM 202 ANOS.

Senado da Câmara de Cimbres (Foto do livro Pesqueira e o antigo Termo de Cimbres. Maciel, 1980,p. 45).


Representação da Câmara da Vila de Cimbres se manifestando contra a elevação do Brejo da Madre de Deus à Vila e requerendo à extinção da tutela dos índios locais. [Manuscrito de 02.01.1813].


<< Senhor. O Juiz, Vereadores e Procurador da Câmara da sempre leal Vila de Cimbres abaixo assinados, abrasados em puros sentimentos de verdadeira vassalagem e desejosos de não verem em seus dias os males que se avizinham sobre a dita Vila com aquela confiança, segurança e integridade que é própria dos fiéis vassalos de V.A.R.1 representam o seguinte: É fama pública que alguns moradores do Brejo da Madre de Deus termo desta vila instigados mais do bem particular que do público se tem dirigido a V.A.R. a de pregarem a criação da Vila no mencionado Brejo. Os representantes desejariam bem que aquele Brejo tivesse pela sua riqueza e população tocado o ponto de ser elevado à Vila, não sucede, porém, Senhor, assim o Brejo da Madre de Deus não é rico e é despopulado2 não conta no seu recinto quarenta homens brancos os quais saibam ler e escrever, e sirvam para os encargos públicos da Justiça e Milícia. Este mesmo Brejo não pode ser alongado porque pela parte do nascente e uma parte do norte se divide com a Comarca de Pernambuco, as duas novas Vilas de Santo Antão e Limoeiro, e com a Vila de Igarassu: pelo norte com a Comarca da Paraíba e pelo sul com a nova Vila de Garanhuns. Do dito Brejo a Vila de Cimbres a um intermédio de dez a seis léguas, sendo este quase todo despopulado de homens livres por ser parte de terras em cultura de algodão que ocupa muitos braços, porém escravos. A falta de população de homens livres aptos para o serviço público obriga a servirem neste Senado quase sempre parentes dentro do quarto grau e mesmo oficiais de ordenança. Os ofícios de Escrivão deste Senado Almotaçaria3, do Crime, Cível, Órfãos e Tabelião Judicial e Notas estão reunidos num só homem por não poder sustentar a dois e é destas pouca monta que até o presente paga de donativo por todos nove mil réis, não havendo Escrivão que pela penúria dure muito tempo no ofício. Os rendimentos deste Senado são tão mesquinhos e tais que ainda não pode, tendo de criação cinquenta e um anos fazer uma Casa de Câmara e uma Cadeia, bem que este mal está removido graças à generosidade e humanidade do atual Capitão- Mor Antônio dos Santos Coelho da Silva que a sua custa vai fazer estes dois edifícios. Do deduzido já vê V.A.R. que se não pode erigir em Vila o Brejo da Madre de Deus sem que se reduza uma e outra a desgraça.
Cimbres foi uma habitação de índios e como tal elevada à má educação o Estado de tutela e orfandade em que sempre tem vivido aqueles americanos tem sido extinguidos pouca a sua espécie e um desgosto [ilegível4] natural os tem constituído um fardo pesado à sociedade porque se nutrem do suor alheio, do que criam e plantam os moradores daquela Vila e seu termo. Tendo a Vila de Cimbres aumentando há vinte anos muito em cultura e rendendo uma grande soma, o dízimo não tem até o presente então largo espaço dado mais do que sessenta e quatro alqueires de farinha5 e uma quarta parte de feijão6 somente é repartido o valor deste gênero por duzentos e quarenta e cinco matriculados índios não tem dado cada um por ano quarenta réis, cujo rendimento e números dos índios constam no documento junto. Este mal só é medicável extinguindo-se a tutela pondo-se em inteira liberdade os americanos para viverem a sombra das leis, sem a influência dos seus Capitães- Mores, Sargentos- Mores e Diretores. O homem constituído em sociedade vivendo em sua casa, com sua família tem vínculos mais fortes que obrigam a ser honrados e a trabalhar o melhor sustento e o melhor vestuário o convida a outra coisa. Portanto, seria um grande bem não só a Vila de Cimbres, porém a todos os mais de americanos extinguirem-se a tutela diretorial e viverem todos debaixo da autoridade do governo civil e militar de cada uma Vila e Comarca, porque o menos bem que se consegue é evitar os motins que costumam a fazer por pequenas coisas e obrigá-los a um trabalho mais assíduo. Deus Guarde a V.A.R. por muitos e felizes anos. Enveriação de 2 de Janeiro de 1813. João Alvares Leite, Manuel [ilegível] Costa, José Gregório do Canto, Thomaz [ilegível] de Meneses.
O Juiz Presidente e mais oficiais do Senado da Câmara desta Vila e seu termo por Sua Alteza Real que Deus Guarde V.A. Mandamos ao Escrivão que perante nós serve, revendo o livro das Matrículas dos Índios desta  Vila declara por certidão o número dos homens que tem idade de quatorze anos até sessenta e não constando do dito livro as idades respectivas de cada um ou não estando nele matriculados, o número que a cobrará do respectivo Capitão- Mor as competentes listas para somente [ilegível] a referida Certidão. Outro sim o mesmo Escrivão revendo os livros de lançamentos dos Dízimos Reais que pagam os índios desta Vila, declara por Certidão quanto rende este dízimo desde o primeiro de janeiro de 1793 até o presente. Enveriação do prº de janeiro de 1813. –Leite- Canto- Costa- Meneses. José Bernardo de Vasconcellos- Escrivão da Câmara desta Vila de Cimbres e seu termo. Eleito pela ordenança do atual V.S.ª.
Certifico que revendo o livro de Matrículas dos Índios desta vila, nele consta haverem quatro companhias a duzentos e quarenta e cinco soldados. Certifico mais que revendo o livro de lançamentos dos rendimentos dos Dízimos Reais que tem pagado os índios desta vila desde o ano de mil setecentos e noventa e três até o presente. Consta servindo único livro mandado fazer pelo Diretor Manuel Pereira Dias; serem avaliados os rogos dos índios pelos louvados, Manuel Dias Pereira, Antônio José Pereira Silva, os quais [ilegível] deveriam pagar os ditos índios de dízimos deles sessenta e quatro alqueires de farinha e uma quarta parte de feijão mais não consta que segundo uma declaração o mesmo dízimo pelo referido, na verdade e com fé segue a presente por mim feita e assinada. Vila de Cimbres, em 2 de Janeiro de 1813. Com fidelidade, José Bernardo de Vasconcellos7.


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Notas:

1-       despopulado: adj. O mesmo que despovoado. Lugar desabitado, ermo. Não suprimido do texto para não alterá-lo.
2-       almotaçaria: s.f. ant. O ofício de almocatel. Tribunal antigo cujo presidente era um almocatel.
3-       V.A.R.: sigla de Vossa Alteza Real.
4-       ilegível: palavras do texto que não foi possível decifrar ou entender.
5-     Sessenta e quatro alqueires de farinha: o alqueire era uma medida portuguesa que se subdividia em quatro quartos com equivalência métrica de 13,8 litros. Desse modo, 64 alqueires equivalem à 883,2 litros de farinha.
6-       Uma quarta de feijão: medida portuguesa se subdividia em duas oitavas com equivalência métrica de 3,45 litros.
7-   O texto está na íntegra do original, exceto a grafia de algumas palavras que foram atualizadas para facilitar o entendimento, os grifos são meus para as observações nestas notas.



Por Fábio Menino de Oliveira.



REFERÊNCIAS:

Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro- secção de manuscritos. Disponível em: <http//odigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/cmc_ms618_27_38/cmc_ms618_27_38.pdf>. Acesso em 11 jun. 2015.

Dicionário Online de Português. Disponível em: <www.dicio.com.br/almocaria>. Acesso em 22 jun.2015.

Maciel. José de Almeida. Pesqueira e o Antigo Termo de Cimbres (obras completas-volume 1). Recife: CEHM, 1980.

Wikipédia. Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Antigas_unidades_de_medidas_portuguesas. Acesso em 22 jun.2015.