Estação e distrito de
Mimoso em 1929 (www.arcoverde.pe.gov.br)
As
origens:
As informações sobre as
origens de Mimoso são confusas e um tanto imprecisas, sendo necessárias mais
fontes que possam elucidar alguns fatos, mas, tentarei neste artigo narrar o
período do qual disponho de fontes impressas, no caso livros e jornais.
Mimoso tem suas terras
encravadas na antiga Sesmaria de Ararobá, que foi doada por Fernão de Souza
Coutinho, Governador das Capitanias de Pernambuco e demais anexas, a 23 de
dezembro de 1671, a Antônio Pereira Pinto, Manuel Vieira de Lemos e Bernardo
Vieira de Melo pai do Capitão Antônio Vieira de Melo (1669-1764) que foi o
desbravador dessa sesmaria a partir de 1698 e cujos bens foram sequestrados
pela fazenda Real em 1761 acusado de conspirar contra o governo.
No termo de sequestro lavrado
na povoação de Garanhuns de 02 de julho de 1761, consta com propriedade do Capitão
Antônio Vieira de Melo o Sítio Mimoso avaliado em 350$000. Todavia, este sítio
não é o atual distrito de Mimoso do Vale do Ipanema e sim pertencente ao atual
munícipio de Bezerros. A. F. Pereira da Costa (Nobiliarquia Pernambucana, v.III,
p. 39-40) argumenta que: “Mimoso era então, como ainda hoje, uma pequena
povoação, de poucos moradores, como vimos, situada à margem esquerda do Rio
Ipojuca e a oeste da cidade de Bezerros, a cujo município pertence”.
Geraldo Tenório Aoun, no
seu livro A Vila de Mimoso: tradições e costumes (1986, p.01) afirma que: “Antes
da construção de sua Igrejinha de São Sebastião, Mimoso já existia há dois ou
três séculos, como aglomerado de casas e localidade”. Um parêntese a igrejinha
ainda hoje existente fora construída provavelmente na penúltima década do
século XIX (1880-1890) por Francisco de Brito Cavalcanti e Luiz Tenório de
Albuquerque (Lulu), sobre esses falarei depois.
Com relação à citação
acima sobre Mimoso existir há dois ou três séculos, apesar das poucas fontes
discordo de Geraldo Tenório Aoun, pois, a Vila de Cimbres berço da colonização
na região teve sua origem no século XVII, ou seja, contava dois séculos de existência,
como poderia Mimoso já contar três de fundação? Outro detalhe, não existe
citações nos documentos antigos do Termo de Cimbres de 1762 a 1827 que remetam
a Mimoso ou Frecheiras, que segundo consta em citações posteriores fora o seu
primeiro nome.
Desse modo, creio que
as origens de Mimoso são a partir de 1840-1850 em razão das divisões
territoriais que foram ocorrendo a partir dos inventários dos primeiros grandes
proprietários e do desenvolvimento da povoação de Pesqueira que passara a sede
municipal em 1836, todavia careço de mais detalhes e fatos documentais para
confirmar minhas hipóteses.
Francisco
de Brito Cavalcanti:
Era filho de João
Ferreira de Araújo, do Brejo da Madre de Deus, e de Maria de Brito Cavalcanti,
da Fazenda Barra atual povoado de Ipanema, neta de André Cavalcanti de
Albuquerque, o famoso Capitão André Arcoverde. Sendo Francisco bisneto deste. Vale ressaltar que do consórcio entre João Ferreira e Maria, surgiria os "Brito Cavalcanti dos Vales do Ipanema e Ipojuca, sobre isso tratarei em outra oportunidade.
Sobre Francisco de
Brito Cavalcanti, AOUN (1986, p. 01) fala que foi um dos mais famosos
habitantes de Mimoso nos últimos 25 anos do século XIX (por isso a data inicial deste artigo é 1875), que para lá se mudara,
vindo da Fazenda Boa Esperança, perto da vilazinha de Ipojuca, no atual município
de Arcoverde. Adquirindo terras nas férteis e verdejantes várzeas de Mimoso e
parte das serras do Mororó e das Guaribas.
No Mimoso ele foi à
autoridade máxima e, segundo consta nada brando no trato com criminosos,
principalmente ladrões de cavalos, sendo um homem rígido e valente como os velhos sertanejos talhados nas dificuldades dos rincões do estado.
Casado com Delmira
Nobre, neta do inglês Ricardo Nobre (Richard Noble) estabelecido nas Varas na
primeira metade do século XIX, atual município de Afogados da Ingazeira. Do
casal Francisco e Delmira nasceram os seguintes filhos: Joaquim de Brito
Cavalcanti, casada com Santa, filha de seus tios Antônio de Brito Cavalcanti e
Porcina Nobre; Francisco de Brito Cavalcanti, casado com Tereza, filha de seus
tios Antônio de Brito Cavalcanti e Porcina Nobre; João de Brito Cavalcanti,
casado com Libânea de Assis; Luiz de Brito Cavalcanti (Lula), solteiro, tendo
deixado vários filhos; Eliseu de Brito Cavalcanti, que desapareceu ainda jovem
sem jamais dar notícias; Maria, casada com um cidadão chamado Iôia; Santana,
solteira; Yoyô, casado com moça da família Assis; e Tereza, casada com Luiz
Tenório de Albuquerque.
Em Mimoso fixou
residência nos últimos anos de vida formando a partir da sua descendência outras
famílias que colaborariam para o desenvolvimento e progresso do lugarejo a
partir do século XX, e ajudou na construção da igrejinha de São Sebastião, onde
foi sepultado num túmulo ao lado após falecer no começo do século XIX.
Mimoso
na organização do município de Pesqueira:
Elevado à condição de
cidade pela lei nº 1484, de 20 de abril de 1880, Pesqueira teve sua Lei de Organização
Municipal nº 52
de 03 de agosto de 1892, o antigo município de Cimbres, com sede em Pesqueira, constituía-se
autônomo a 04 de março de 1893.
Segundo o Almanak do
Estado de Pernambuco, II ano, p.164, de 29 de janeiro de 1894, que trás
informações do ano de 1893, está citado a seguinte organização de Cimbres: “Este
município possui, além dos povoados, sede das freguesias, os seguintes: Poção, Alagoinhas, Olho d’Água, Pão de Açúcar,
Salobro, Jenipapo, Água Fria, Frecheiras,
Ipojuca e Sanharó”. Como se nota a nomenclatura do lugarejo esta época não
era Mimoso e sim Frecheiras que já era constituído como povoado. Outro
documento que comprova esta primeira designação é o Almanak Administrativo, Mercantil
e Industrial do Rio de Janeiro, edição B00067, p.94, de 1910, no qual consta o
Povoado de Frecheiras como parte da organização de Pesqueira, assim como cita
que na povoação existia instrução pública com a professora D. Silvina Tenório
de Albuquerque.
O nome Frecheiras
permaneceu possivelmente até a passagem dos trilhos da Great Western, a
Ferrovia Central de Pernambuco, em 1911, sobre este acontecimento que muito
mudaria o verdejante povoado falarei a seguir.
Pela lei municipal nº
142, de 30 de novembro de 1928, é criado o distrito de Mimoso e anexado ao
município de Pesqueira. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o
município é constituído de 7 distritos: Pesqueira, Alagoinhas, Poção, Cimbres,
Salôbro, Sanharó, Mimoso. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas
de 31-12-1936 e 31-12-1937.Pelo decreto lei estadual nº 235, de 09 de dezembro
de 1938, o distrito de Mimoso passou a denominar-se Arcoverde. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o
município é constituído de 8 distritos: Pesqueira, Alagoinha, Cimbres, Jenipapo,
Arcoverde ex-Mimoso, Salobro e
Sanharó e Poção.
Sobre estas mudanças de
nome, José de Almeida Maciel escreveu em seu livro Questões de Toponímia
Municipal Pernambucana, CEHM/ FIAM(1984, p.142-143) que reuniu artigos
publicados em A Região de 25/07/1943:
“Arcoverde.
Quando povoado tinha o nome de Frecheiras,
mudando para Mimoso ao ser
inaugurada a estação ferroviária, há cerca de 30 anos, por fazer duplicata com
a estação de Frecheiras do Município de Escada. Mimoso até o presente, não faz
duplicata com nenhuma outra localidade (cidade ou vila do país). Os habitantes
locais preferem, com o desaparecimento do nome atual (que passou a ser o de
município e cidade de Rio Branco, a partir de 31.12.1943), a volta do anterior,
que foi dado a localidade justamente quando começou a desenvolver-se após a
chegada do trem”.(grifos meus).
Por fim, pelo decreto-lei
estadual nº 952, de 31 de dezembro de 1943, o distrito de Arcoverde voltou a
denominar-se Mimoso o que permanece até os dias atuais.
A
Ferrovia Central de Pernambuco:
A Estrada de Ferro
Central de Pernambuco foi aberta em 1885, de Recife a Jaboatão, pela Great
Western do Brasil, empresa inglesa que mais tarde viria a incorporar quase
todas as ferrovias de Pernambuco, estendendo-se pelos Estados limítrofes. Aos
poucos, a linha foi sendo estendida, somente chegando ao seu extremo, em
Salgueiro, no ano de 1963, sem se entroncar com linha alguma na região. Sua
chegada em Pesqueira foi em 01 de novembro de 1906.
Em Mimoso, os trilhos
chegaram entre 1910 e 1911 sobre a inauguração do tráfego de trens provisórios
transcrevo abaixo uma notícia publicada no jornal A Província de 19 de maio de 1911, ano XXXIV, nº 136, p.2. Segue-se: <<The Great Western of Brazil railway
company limited. Prolongamento de Flores- Secção Central.
Amanhã, 19 do corrente, será inaugurado provisoriamente o tráfego do trecho
deste prolongamento entre Ipanema e Mimoso, 10 quilômetros não só para
passageiros, como para encomendas, mercadorias e animais, bem assim o serviço
telegráfico. Os trens, que serão mistos correrão provisoriamente, desde amanhã,
nas segundas e sextas-feiras, conforme o seguinte horário: IDA- Estações de
Pesqueira (partida 4:50 hs), Ipanema (partida 5:20 hs) e Mimoso (chegada 5:50
hs); VOLTA- Estações de Mimoso (partida 6:10 hs), Ipanema (partida 6:45) e
Pesqueira (chegada 7:15). Recife, 18 de maio de 1911. A.T. Connor-
Superintendente>>.
Após a chegada dos trilhos,
Mimoso se desenvolveu e prosperou significativamente dentro do município de
Pesqueira, merecendo destaque o aumento de sua população que no ano de 1925 era
de 370 habitantes (possuindo 90 casas e 2 ruas) para cerca de 1.000 habitantes
em 1950, na época sua população era maior do que algumas cidades do interior do
estado de Pernambuco: Coripós (985), Cabrobó (773), Orobó (705) e Serrita
(632). Vale salientar que Pesqueira no Censo de 1950 registrou uma população de
13.291 habitantes.
A estação, em 2002. Acervo Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Este artigo continua
numa próxima publicação.
Por Fábio Menino de
Oliveira.
REFERÊNCIAS:
Almanak do Estado de
Pernambuco, II ano, p.164, de 29 de janeiro de 1894.
Almanak Administrativo,
Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição B00067, p.94, de 1910.
A Província de 19 de
maio de 1911, ano XXXIV, nº 136, p.2.
AOUN, Geraldo Tenório. A
Vila de Mimoso: Pesqueira- PE tradições e costumes. Recife: Gráfica Editora
Santa Cruz, 1986.
IBGE. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=261090&search=pernambuco|pesqueira|infograficos:-historico.
Acesso em 18 jun. 2015.
Great Western (1911-1950), Rede Ferroviária do
Nordeste (1950-1975),RFFSA (1975-1996).MIMOSO Município de Pesqueira, PE.
Disponível em:< http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcp_pe/mimoso.htm.
Acesso em 09 jun. 2015.
MACIEL, José de Almeida. Questões de Toponímia
Municipal Pernambucana- Obras completas, voluma 2. Recife: CEHM/ FIAM,1984.
MACIEL, José de Almeida Maciel. Pesqueira e o Antigo
Termo de Cimbres- Obras completas, volume 1. Recife: CEHM, 1980.
WILSON, Luís. Ararobá, lendária e eterna (notas para
a história de Pesqueira). Recife: CEPE, 1980.
Excelente matéria. Parabéns pelo trabalho. A minha esposa tem familiares em mimoso e ficou maravilhada com a leitura. Obrigada
ResponderExcluirExcelente matéria. Parabéns pelo trabalho. A minha esposa tem familiares em mimoso e ficou maravilhada com a leitura. Obrigada Temos vários familiares la em mimoso, lugar gostoso e cheio de alegrias.
ResponderExcluirObrigado Daniel pelo comentário, fico feliz que gostou.
ResponderExcluirObrigado Daniel pelo comentário, fico feliz que gostou.
ResponderExcluirFábio, fiquei muito feliz sou de mimoso moro em feira de Santana, na Bahia,meu nome tenhe Brito Cavalcante, meu Antônio de Brito Cavalcante(Antônio Izidoro) minha mãe Iracema de Brito cavancante
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