«O
Cap. Carlos Frederico Xavier de Brito ( Prefeito em 1912)
e sua Exma. Esposa D. Maria da Conceição Cavalcanti de Brito, numa foto de
um velho Álbum de Pesqueira, estado de Pernambuco, organizado na administração do
“coronel” Cândido Cavalcanti de Brito, na gestão de 1923 a 1925. » Do
livro Ararobá. Lendária e eterna (notas para a história de Pesqueira). De Luís
Wilson, 1980, pág. 201.
O presente balancete
foi publicado no Jornal do Recife, ano LV, nº 148, p.3, de 01 de junho de 1912.
Vale lembrar que o município de Pesqueira ainda se chamava Cimbres algo que
mudou a partir de 1913, por isso é citado o Conselho Municipal de Cimbres.
<<Balancete procedido na Tesouraria do
Conselho Municipal de Cimbres, correspondente ao primeiro trimestre do ano de
1912.
RECEITA
|
||
Saldo
que vem do mês de dezembro
|
9:312$263
|
|
Foro1 e laudêmios2 de seus terrenos
|
462$400
|
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Rendimentos
das feiras
|
2:304$995
|
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Imposto
de portas abertas
|
567$500
|
|
Rendimento
dos cemitérios
|
17$000
|
|
Aferição
de pesos e medidas
|
509$700
|
|
Receita eventual:
|
||
49º
Caçadores (fornecimento recebido)
|
117$000
|
|
Policia
estadual (fornecimento recebido)
|
386$000
|
|
Cinema
e circo
|
14$000
|
517$000
|
Décima
urbana 3
|
51$000
|
|
Emolumentos
municipais 4
|
50$000
|
|
Licença
para edificação
|
6$000
|
|
Subsídio
|
2:203$133
|
|
Imposto
de vapores e bolandeiras
|
53$000
|
|
Rendimento
dos chafarizes
|
1:591$850
|
|
Imposto
de dízimo
|
1:434$000
|
|
Rs
|
19:079$841
|
S.
E. ou O.
DESPESA
|
||
Instrução
pública e expediente
|
2:095$644
|
|
Limpeza
pública e estradas
|
708$089
|
|
Empregados
da Prefeitura
|
415$761
|
|
Empregados
do Conselho
|
470$947
|
|
Porcentagem
aos procuradores
|
863$962
|
|
Ordenado
do prefeito
|
483$916
|
|
Guarda
municipal e fardamento
|
199$500
|
|
Advogado
do Conselho e presos pobres
|
108$333
|
|
Iluminação
pública
|
281$200
|
|
Ordenado
dos escrivães do crime e júri
|
212$475
|
|
Júri
e eleições
|
416$200
|
|
Impressos
e assinaturas de jornais
|
100$200
|
|
Ordenado
do escrivão da delegacia e gratificação
|
100$000
|
|
Verba eventual:
|
||
Dispendido
em tratamento de variolosos em diferentes distritos
|
739$800
|
|
Fornecimento
feito à polícia estadual
|
527$800
|
|
Fornecimento
feito ao 49º de caçadores
|
117$000
|
|
Restituído
a João B. Muniz Falcão (fiança que tinha prestado por seu irmão)
|
500$000
|
|
Telegramas
e notas promissórias
|
28$600
|
|
Casas
compradas para embelezamento da cidade e demolição das mesmas
|
2:010$200
|
3:923$290
|
Ordenado
do oficial de justiça
|
30$000
|
|
Luz
e outros fornecimentos à cadeia pública
|
161$480
|
|
Ordenado
de empregados e concerto de chafarizes
|
332$230
|
|
10:785$588
|
||
Saldo
que passa para o mês de abril
|
8:294$253
|
|
Rs
|
19: 079$841
|
S.
E. ou O.
Tesouraria
do Conselho Municipal de Cimbres, 10 de abril de 1912.
O
tesoureiro,
José
Tito Cordeiro Wanderley.
CARLOS
FREDERICO XAVIER DE BRITO
Prefeito.>>5
A administração
municipal de Cimbres (Pesqueira) de 15/11/1910 a 1913 era composta pelo
Prefeito Carlos Frederico Xavier de Brito, Subprefeito Cel. Thomaz Sinésio de Araújo
Cavalcanti e pelos Conselheiros Cel. Francisco Sinésio de Araújo Cavalcanti,
Cel. Tito Magalhães da Silva Porto, Cap. Abílio Rodrigues Pereira de Freitas,
Maj. Luiz Tenório de Albuquerque Filho, João Camilo Cordeiro Valença, Ten.
Hildebrando de Torres Galvão, Cap. Luiz Antônio de Abreu, Ten. Severino
Ferreira Leite e o Maj. Francisco Izidoro Pereira de Assis (Almanak
Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro - 1891 a 1940- Ano de 1914,
edição B00070, p.3806).
Dentro dos detalhes que
mais chamam a atenção no balancete é sobre o ordenado do prefeito, sendo que nos
três primeiros meses recebeu a quantia de quatrocentos e oitenta e três mil,
novecentos e dezesseis reis (483$916), portanto seu salário mensal era de cento
e sessenta e um, trezentos e cinco reis, e trinta e três centavos (161$305,33).
Pode-se notar que não consta ordenado para os Conselheiros Municipais nem para
o Subprefeito, certamente não recebiam, o que é bastante interessante.
Nas receitas municipais
vale destacar o imposto mais rentável que era o rendimento das feiras (2:304$995),
sendo a maior arrecadação da prefeitura, o que nos revela a importância do comércio
para a cidade no inicio do século XX, alavancado a partir da chegada dos
trilhos da Ferrovia Central de Pernambuco em 1906 e do surgimento das fábricas
Peixe, Rosa e Tigre. Pesqueira vivia o principio de seus tempos áureos de
progresso e desenvolvimento. Quanto as despesas, o que merece destaque são casas
compradas pela municipalidade para embelezamento da cidade e demolição das
mesmas no valor de 2:010$200, ou seja, preparava-se para os novos tempos de
modernidade que viriam a posteriori.
Abaixo fac-simile do Jornal do Recife, clique para ampliar.
Notas:
__________________________________________
1-
Foro é a taxa anualizada correspondente
a 0,6% do valor do imóvel e de taxa de ocupação que pode ser de 2% ou 5%, e é
cobrada do proprietário que ainda não firmou um contrato de aforamento com a
União.
2- Laudêmio é uma taxa de 5% sobre o valor
venal ou da transação do imóvel a ser paga à União quando ocorre uma transação
onerosa com escritura definitiva dos direitos de ocupação ou aforamento de
terrenos da União, como terrenos de marinha. Não é imposto nem tributo.
3- Décima urbana era
um imposto que cobrava 10% para os prédios urbanos em condições habitáveis
dentro dos limites das cidades e vilas, de acordo com seus rendimentos,
semelhante ao IPTU de hoje.
4- Emolumentos municipais significa retribuição, ganho,
proveito, gratificação, lucro eventual, além do rendimento habitual do
contribuinte.
5-
O
texto foi por mim organizado em tabela para simplificar o entendimento.
Por
Fábio Menino de Oliveira.
REFERÊNCIAS:
Almanak
Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro - 1891 a 1940- Ano de
1914, edição B00070, p.3806.
Jornal
do Recife, ano LV, nº 148, p.3, de 01 de junho de 1912.
WILSON, Luis. Ararobá, lendária e eterna (notas para a história de Pesqueira). Recife: CEPE, 1980.
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