domingo, 13 de abril de 2025

O CASARÃO DA FAMÍLIA DIDIER PITTA

Casarão da Família Didier Pitta - Pesqueira, 12/04/2025

O casarão secular da família Didier Pitta, localizada na Praça Dom José Lopes, nº 111, no centro do município de Pesqueira trás consigo o simbolismo e o legado de uma das famílias mais tradicionais por sua influência social e no desenvolvimento econômico da cidade, notadamente através da fundação da Fábrica Rosa, uma das pioneiras na produção de doces e conservas que desempenhou papel crucial para que Pesqueira se tornasse um dos grandes centros industriais do estado de Pernambuco na primeira metade do século XX.

Embora detalhes específicos sobre sua arquitetura e o ano de sua construção, sabemos que desde 1883 era a residência do comendador José do Rego Maciel Didier (Brejo da Madre de Deus/PE, 19/03/1862 – Pesqueira/PE, 23/01/1942) e de sua esposa Maria Alfina Didier “Dona Maroca” (Brejo da Madre de Deus/PE, 09/11/1859 – Pesqueira/PE, 29/12/1961).

Nesta casa, o casal criou os seus 12 filhos: 1) José do Rego Maciel Filho (1883-1904), solteiro, falecido aos 19 anos em João Pessoa quando estudava para cursar Direito no Recife; 2) Praxedes do Rego Maciel Didier (1886-1976), fazendeiro, casou 2 vezes, a primeira com Marieta do Rego Barros Didier (1891-1918) e a segunda com Maria Rosa de Oliveira Didier (1898-1988); 3) Antônio Maciel Didier (1887-1958), casou 2 vezes, a primeira com Dulce Maia Maciel Didier e a segunda com Letícia Fragoso Didier; 4) Manuel Maciel Didier (1893-1952), casado com Argentina Moreira Didier (1896-1978); 5) Marieta Didier Pitta (1894-1994) casada com o coronel José Pitta (1892-1966); 6) Ana Maciel Didier Brito (1896-1971) casada com o Dr. Joaquim de Brito (1893-1949); 7) Dr. Joaquim Maciel Didier (1897-1961), médico, casado com Dolores Junqueira Meireles (1907-2003), residiam em São Gonçalo do Sapucaí/MG; 8) Dr. João do Rego Maciel Didier (1898-1991), cirurgião-dentista, casado com Nair Cavalcanti Pina Didier (1901-1983); 9) Maria Isabel Maciel Didier (1900-1939), casada com Carlos Benevides Barbosa Vianna (1892-1952); 10) Luís Maciel Didier (1904-1991), casado com Tereza Valença; 11) Maria José Maciel Didier, falecida aos 12 ou 13 anos; e 12) Didier do Rego Maciel Neto, sem informações.

Após o falecimento do comendador José Didier a sua esposa D. Maroca permaneceu na residência como matriarca da família. Era uma distinta senhora, católica praticante, assim como o seu esposo, exercera por mais de 50 anos a presidência do Apostolado da Oração contribuindo efetivamente em obras de caridade da Paróquia de Santa Águeda e da Diocese de Pesqueira. Respeitada por todos, permaneceu até o seu centenário lucida e ajudando os que mais precisavam, tanto é que na comemoração do seu aniversário eram distribuídos roupas e brindes.

A sua data natalícia era uma grande celebração por parte da sua família que a esta altura já se espalhara por outras cidades pernambucanas, sobretudo, na capital e até por outros estados. Uma foto revela o quanto à família se unia em torno da sua matriarca, nela é possível ver cinco gerações. Dona Maroca está sentada, por trás o seu filho Antônio Maciel Didier; ao seu lado direito, a sua neta Maria Dulce Didier e Silva (esposa de Gilberto Brito e Silva); ao seu lado esquerdo sua bisneta Maria Christina Didier Silva (esposa de Fernando Lauria Santos); e o seu trineto Eduardo Silva Santos.

O registro fotográfico da matriarca em frente ao histórico casarão deve datar entre 1956 e 1958, visto que Maria Christina casou em 19/02/1953 e seu filho Eduardo aparenta ter entre 2 e 3 anos, assim como Antônio Didier faleceu em 25/03/1958.

Dito isto, abro um parêntese para dizer que na postagem anterior deste site sobre o Dr. Carlito Didier Pitta havia mencionado que José e Marieta Pitta, haviam se mudado do sobrado, atual Palácio Episcopal, para o referido casarão. Todavia, após a divulgação do artigo rebemos a informação do colaborador Paulinho Muniz que o casal foi residir na Praça Dom José Lopes, só que do outro lado no número 102, onde hoje mora Gilvan Sá Barreto, proprietário das lojas Isabella. Porquanto, D. Marieta Pitta passa a residir na citada casa depois da morte de sua mãe em 1961.

Foto: acervo de Marcelo Nascimento

Foi nessa residência, conforme mostra na foto acima, que no início de 1919, José e Marieta Pitta receberam como hóspedes as irmãs Dorotéias que vieram instalar o Colégio em Pesqueira por designação da Revma. Madre Júlia Cassina, Superiora das Dorotéias no Brasil, que atendeu um pedido do bispo D. José Lopes. Foram elas: Madre Maria Arminda Rodrigues (superiora), Irmã Maria Antonieta Zanoni (secretária da Madre Provincial), Irmã Elvira Maria, Irmã Cristovam Maria, Carmem Gentil (postulante) e Zulmira Braga (juniarista).

Casa de Gilvan Sá Barreto, antiga residência  de José e Marieta Pitta - Pesqueira, 12/04/2025

Vale salientar que o Colégio Santa Dorotéia foi fundado em 12 de abril de 1919 funcionando em dois chalés vizinhos à Fábrica Peixe, alugados por D. José Lopes. A ala leste do atual prédio foi inaugurada em 3 de junho de 1927, passando o colégio a funcionar na nova sede. Quanto a ala oeste foi inaugurada em 5 de agosto de 1936. Desta histórica e importante instituição de ensino que celebrou recentemente os seus 106 anos foram benfeitores com vultosos donativos as famílias Didier, Brito e Valença.

Chalés onde foi instalado o Colégio Santa Dorotéia em 12/04/1919
Foto: acervo de Marcelo Nascimento

Colégio Santa Dorotéia no inicio da década de 1940

A acolhida, a generosidade e a hospitalidade era uma característica nata da família Didier Pita, quer seja no famoso Casarão de D. Maroca Didier, quanto na antiga residência de sua filha D. Marieta Pitta, também exemplo de senhora respeitada pela sociedade pesqueirense e que assim como a sua mãe chegou ao centenário.

Portanto, nestas linhas o registro histórico deste casarão uma das mais importantes construções da nossa amada Pesqueira e que graças ao atual proprietário José Mauro Barros permanece com a sua belíssima arquitetura preservada revelando o legado e a história da família Didier Pitta.

Por Fábio Menino de Oliveira


Referências Bibliográficas

Diário de Pernambuco – edição de 21/02/1956.

Family Search - Maria Alfina de Oliveira Mello Didier (1859–1961) • Pessoa • Árvore familiar

Pesqueira Histórica –  O Colégio Santa Doroteia de Pesqueira | Ph#036

WILSON, Luís. Ararobá Lendária e Eterna. CEPE/Pref. de Pesqueira. Recife: 1980, p. 52.                                                                               


                                                                                                                                       
             


Nenhum comentário:

Postar um comentário