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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

CHUVAS FORTES ATINGEM O DISTRITO DE MIMOSO (PESQUEIRA-PE) NO ANO DE 1924

Rua do Comércio do povoado de Mimoso em 1925, foto do Álbum da Adm. Cândido de Brito 1923/1925.
Transcreverei a seguir uma notícia publicada no Diário de Pernambuco de 12 de junho de 1924i que trata dos graves danos ocasionados em Mimoso por conta das fortes chuvas ocorridas entre os dias 16 (sexta-feira) e 17 de maio (sábado). Eis a notícia na íntegra:

O “Diário” nos Municípios.
PESQUEIRA.
DE MIMOSO:19-V-924. - Vem ocasionando grandes prejuízos o nosso inverno. As chuvas têm caído fortes, e constantes. Na sexta-feira e no sábado, tivemos pesados aguaceiros, caindo nas imediações deste povoado diversas trombas d'água. As ruas da estação e do comércio, ficaram intransitáveis no momento das chuvas.
Desde o mês passado, porém num crescente assustador, o pequeno rio Ipanema, que margeia este povoado, tem descido com cheias anormais, sendo que a observada no sábado, ultrapassou cerca de 2 metros do nível da maior enchente conhecida, alargando a rua do “Emboca”, (lado baixo) nessa rua as águas subiram a altura de ½ metro.
A impetuosidade da torrente, fez desabar uma casa onde residia uma pobre velha e arrastou lavouras, árvores e etc.
À tarde fica nublada, porém não aterroriza a suposição de tal catástrofe. Às 15 horas começou a chover fortemente, com fragorosos trovões e fuzilantes relâmpagos.
Aproximadamente uma hora depois, ouviram-se os primeiros gritos de alarme: as águas do rio invadiram as casas em ondas que cresciam aos palmos!
Tomada de pânico ante a repentina inundação a população ribeirinha abandonou precipitadamente os seus lares, em busca de abrigo, conduzindo crianças no colo, e transportando móveis que iam acumulando nos altos.
Graças à Providência, pouco antes das 20 horas, cessou o temporal, entrando a enchente em rápido declínio não havendo desastre pessoal.
Os serviços de salvação foram dirigidos com atividade digna de registro pelo 2º sargento da Força Pública Leopoldino Eloy de Almeida, subdelegado de Polícia, auxiliado por muitas outras pessoas gradas, e soldados do destacamento local.
Na fazenda de propriedade do sr. major Luís Tenório, que dista deste povoado 3 kilômetros, e que fica situada na margem da linha da “Great Western”, em consequência das grandes chuvas, arrombou-se o grande açude ali existente, carregando a ponte que media 20 metros de comprimento e um grande aterro, ficando os trilhos e dormentes suspensos, interrompendo deste modo o tráfego de trens, não se registrando um grande desastre no trem de passageiros que se destinava a Rio Branco, por ter sido evitado pelo major Tenório, mandando incontinente um portador a cavalo avisar ao chefe da estação de Ipanema o enorme perigo, pois isto verificou-se às 17 horas do sábado, (hora da passagem do passageiro pelo local) já se encontrando o referido trem naquela estação, sendo por este motivo o major Luís Tenório alvo de uma grande manifestação em sua fazenda por todos os passageiros que para lá se transportaram a fim de agradecer o seu gesto de humanidade poupando a vida de muitas pessoas, inclusive de famílias que viajavam no referido comboio, crianças, etc.
O major Cândido de Brito, prefeito do município de Pesqueira, foi quem mais sofreu com a enorme cheia, tendo um prejuízo superior a 30 contos de réis.

Entre os fatos principais da referida notícia deve-se destacar: 1-As inundações ocorridas no então povoado de Mimoso atingindo a rua da Emboca, que deveria ser a parte baixa do lugar, além disso fala das outras duas ruas ali existentes: Rua da Estação e Rua do Comércio; 2-O arrombamento de um açude na Fazenda Propriedade do major Luís Tenório de Albuquerque e o consequente estrago de uma ponte da linha férrea que só não vitimou várias pessoas por causa do ato do major Tenório que mandara avisar na estação de Ipanema; e 3-Tal enchente causou um grande prejuízo ao major Cândido de Brito que em 1924 arrendou uma parte da Fazenda Propriedade e fez uma das primeiras plantações de tomates das Fábricas Peixe no município de Pesqueira.

Por fim, vale salientar que o inverno de 1924 foi muito rigoroso causando estragos, principalmente, no povoado de Mimoso e na Fazenda Propriedade, todavia, como vimos anteriormente os prejuízos foram materiais não sendo registradas vítimas.


Por Fábio Menino de Oliveira



iDiário de Pernambuco, quinta-feira, 12/06/1924, ano 99, nº 134, p.8

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