A
criação da cadeira escolar mista do então povoado de Frecheiras
(atual distrito de Mimoso) data de 27 de fevereiro de 1897, por
iniciativa do prefeito do município de Cimbres Francisco Sinésio de
Araújo Cavalcanti1.
Para exercer o cargo fora nomeada professora pública D. Thereza de
Brito Cavalcanti, conforme consta na citação a seguir:
4 ob.
cit.
“Dia
27 [...] Remoção: Da professora D. Thereza de Britto Cavalcanti, da
cadeira mista d’Ipojuca para de Frecheiras, creada n’esta data
[...]”2
Como
podemos ver a professora foi removida da cadeira do povoado de
Ipojuca para onde havia sido nomeada em 13 de abril de 1896, data em
que se criou também a cadeira escolar mista de Ipojuca, atual
distrito do município de Arcoverde.
Tereza
de Brito Cavalcanti (“Tetê”) era filha de Antônio de Brito
Cavalcanti e Porcina de Olinda Nobre. Casou com o seu primo Francisco
de Brito Cavalcanti (“Chico de Brito das Guaribas”, filho de
Francisco de Brito Cavalcanti e Delmira de Olinda Nobre).
Possivelmente foi a primeira professora pública de Mimoso sendo que
este é o registro mais antigo até o presente momento encontrado
sobre o funcionamento de uma sala de aula no lugar.
Mais
de fato o que eram as escolas mistas? Para um entendimento melhor é
necessário entender um pouco sobre o sistema educacional do fim do
Império e início do período Republicano. Vejamos o que diz o
trecho do artigo:
“Escolas
mistas.
A lei que regulamenta as escolas mistas, no Brasil, data de 1879. No
entanto, elas já existiam em Pernambuco, pelo menos, desde 1872. As
informações sobre a sua existência, através dos Relatórios da
Instrução Pública, só surgem a partir de 1876, quando já contava
com treze escolas mistas espalhadas pela província. O advento da
escola mista foi, ao que parece, uma tendência administrativa da
Inspetoria durante a década de 70 do século XIX e, mais fortemente,
na década seguinte, como forma de contenção de gastos em
localidades mais afastadas das freguesias centrais do Recife e de
Olinda” (BRAGA, 2003, p. 165)3.
Antes
dessa época as escolas eram divididas apenas por sexo masculino e
feminino. No entanto, a baixa frequência de alunos principalmente
nas localidades do interior da província e a crise econômica no
período final do Império,
tornou-se necessário recorrer à criação de escolas mistas como
contenção de gastos e para evitar uma educação ainda mais
deficitária nos rincões menos favorecidos das províncias
brasileiras.
Além
disso a manutenção dessas “escolas” era de baixo custo para os
governos municipais uma vez que:
“[...]
Os custos de contratação de um professor público eram mínimos,
visto que o local a ser utilizado como sala de aula era procurado
pela própria professora — só obrigando (mas nem sempre) o estado
a pagar o aluguel, com preço fixo para todas as regiões. Por muito
tempo, era um pagamento de 5 mil réis, insuficiente para cobrir a
quantia total de um aluguel, por exemplo, no centro do Recife. De
maneira geral, o único custo do estado com a educação era o
pagamento de aluguéis e os vencimentos dos professores”4
(BRAGA, 2003, p. 168).
Essas
escolas foram muito importantes no final do século XIX e início do
XX porque em muitas localidades sua existência tornou-se o único
caminho para a continuação do ensino público, ainda que
beneficiando principalmente as classes mais favorecidas.
Com
relação a cadeira mista de Mimoso há registros de seu
funcionamento regular de 1897 até o início de 1902, pois consta o
nome da professora Tereza de Brito como recebedora de pagamentos
salarias mensais pela prefeitura de Cimbres (Pesqueira) no período
acima mencionado, sem ter ocorrido interrupções nem tampouco há
registros de demissão ou remoção para outro lugar.
Vale
salientar que o salário anual de uma professora pública em
Pesqueira no ano de 1899 era de 4:050$000 (quatro contos e cinquenta
mil réis).
Em
suma, se registra neste artigo mais alguns dados sobre a história do
progressista distrito Mimoso, outrora denominado Frecheiras.
Por
Fábio Menino de Oliveira.
1 Prefeito
nos períodos de: 04/03/1896 a 15/11/1898 e 15/11/1901 a 15/11/1904;
Deputado Estadual a 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª legislaturas no período
de 1898 a 1912. Chefe rosista em Pesqueira.
2 Livro
de Expediente da Prefeitura Municipal de Cimbres, 20/12/1895-
04/01/1902, fls. 18v.
3 A
feminização do magistério em Pernambuco (1872-1890) de Flávia
Bruna Ribeiro da Silva Braga, publicado na Revista de História, 5,
1-2 (2013), p. 151-177. Disponível em:
http://www.revistahistoria.ufba.br/2013_1/a09.pdf. Acesso em:
27/02/2016:.
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