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domingo, 28 de fevereiro de 2016

A CRIAÇÃO DE UMA CADEIRA ESCOLAR MISTA EM MIMOSO (PESQUEIRA-PE) NO ANO DE 1897

           A criação da cadeira escolar mista do então povoado de Frecheiras (atual distrito de Mimoso) data de 27 de fevereiro de 1897, por iniciativa do prefeito do município de Cimbres Francisco Sinésio de Araújo Cavalcanti1. Para exercer o cargo fora nomeada professora pública D. Thereza de Brito Cavalcanti, conforme consta na citação a seguir:


Dia 27 [...] Remoção: Da professora D. Thereza de Britto Cavalcanti, da cadeira mista d’Ipojuca para de Frecheiras, creada n’esta data [...]”2


          Como podemos ver a professora foi removida da cadeira do povoado de Ipojuca para onde havia sido nomeada em 13 de abril de 1896, data em que se criou também a cadeira escolar mista de Ipojuca, atual distrito do município de Arcoverde.

         Tereza de Brito Cavalcanti (“Tetê”) era filha de Antônio de Brito Cavalcanti e Porcina de Olinda Nobre. Casou com o seu primo Francisco de Brito Cavalcanti (“Chico de Brito das Guaribas”, filho de Francisco de Brito Cavalcanti e Delmira de Olinda Nobre). Possivelmente foi a primeira professora pública de Mimoso sendo que este é o registro mais antigo até o presente momento encontrado sobre o funcionamento de uma sala de aula no lugar.

Mais de fato o que eram as escolas mistas? Para um entendimento melhor é necessário entender um pouco sobre o sistema educacional do fim do Império e início do período Republicano. Vejamos o que diz o trecho do artigo:


Escolas mistas. A lei que regulamenta as escolas mistas, no Brasil, data de 1879. No entanto, elas já existiam em Pernambuco, pelo menos, desde 1872. As informações sobre a sua existência, através dos Relatórios da Instrução Pública, só surgem a partir de 1876, quando já contava com treze escolas mistas espalhadas pela província. O advento da escola mista foi, ao que parece, uma tendência administrativa da Inspetoria durante a década de 70 do século XIX e, mais fortemente, na década seguinte, como forma de contenção de gastos em localidades mais afastadas das freguesias centrais do Recife e de Olinda” (BRAGA, 2003, p. 165)3.


Antes dessa época as escolas eram divididas apenas por sexo masculino e feminino. No entanto, a baixa frequência de alunos principalmente nas localidades do interior da província e a crise econômica no período final do Império, tornou-se necessário recorrer à criação de escolas mistas como contenção de gastos e para evitar uma educação ainda mais deficitária nos rincões menos favorecidos das províncias brasileiras.

Além disso a manutenção dessas “escolas” era de baixo custo para os governos municipais uma vez que:


[...] Os custos de contratação de um professor público eram mínimos, visto que o local a ser utilizado como sala de aula era procurado pela própria professora — só obrigando (mas nem sempre) o estado a pagar o aluguel, com preço fixo para todas as regiões. Por muito tempo, era um pagamento de 5 mil réis, insuficiente para cobrir a quantia total de um aluguel, por exemplo, no centro do Recife. De maneira geral, o único custo do estado com a educação era o pagamento de aluguéis e os vencimentos dos professores”4 (BRAGA, 2003, p. 168).


Essas escolas foram muito importantes no final do século XIX e início do XX porque em muitas localidades sua existência tornou-se o único caminho para a continuação do ensino público, ainda que beneficiando principalmente as classes mais favorecidas.

Com relação a cadeira mista de Mimoso há registros de seu funcionamento regular de 1897 até o início de 1902, pois consta o nome da professora Tereza de Brito como recebedora de pagamentos salarias mensais pela prefeitura de Cimbres (Pesqueira) no período acima mencionado, sem ter ocorrido interrupções nem tampouco há registros de demissão ou remoção para outro lugar.

Vale salientar que o salário anual de uma professora pública em Pesqueira no ano de 1899 era de 4:050$000 (quatro contos e cinquenta mil réis).

Em suma, se registra neste artigo mais alguns dados sobre a história do progressista distrito Mimoso, outrora denominado Frecheiras.


Por Fábio Menino de Oliveira.


1 Prefeito nos períodos de: 04/03/1896 a 15/11/1898 e 15/11/1901 a 15/11/1904; Deputado Estadual a 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª legislaturas no período de 1898 a 1912. Chefe rosista em Pesqueira.

2 Livro de Expediente da Prefeitura Municipal de Cimbres, 20/12/1895- 04/01/1902, fls. 18v.

3 A feminização do magistério em Pernambuco (1872-1890) de Flávia Bruna Ribeiro da Silva Braga, publicado na Revista de História, 5, 1-2 (2013), p. 151-177. Disponível em: http://www.revistahistoria.ufba.br/2013_1/a09.pdf. Acesso em: 27/02/2016:.

4 ob. cit.  


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