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sexta-feira, 3 de junho de 2016

CANGACEIROS ATACARAM IPANEMA EM 1936

Fotografia de Ipanema, anterior a 2004 por ainda não ter o calçamento em frente a secular
 igrejinha do povoado.
Disponível em:http://atrativope.blogspot.com.br/2014/01/pesqueira-atrativos-naturais-e.html 
O ano de 1936 registrou alguns fatos de agitação no povoado de Ipanema, Pesqueira-PE, conforme noticiou o Diário de Pernambuco nos dias 07 e 09 de junho de 1936. Ocorreu nessa época a passagem de um grupo de cangaceiros liderados por Virgínio, cunhado do mais famoso dos cangaceiros do Nordeste, Virgulino Ferreira da Silva “o Lampião”.Vejamos a narrativa dos fatos dada pelo Diário de Pernambuco:

BANDIDOS NO LUGAREJO IPANEMA. O COMANDANTE DE UMA DAS FORÇAS VOLANTES TELEGRAFA A SECRETÁRIA DE SEGURANÇA. Ontem, à noite, a Secretária de Segurança recebeu telegrama do comandante de uma volante em Pesqueira. Informava que alguns bandidos passavam pelo lugarejo denominado Ipanema. A volante saiu em seu encalço, travando ligeiro tiroteio. Os cangaceiros, porém, fugiram em debandada. A polícia não sabe si se trata de Lampião ou do grupo de Virgínio[1].

OS BANDIDOS EM PESQUEIRA. UM TELEGRAMA DO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL. Recebemos ontem de Pesqueira o seguinte telegrama: “PESQUEIRA, 7 – Confirmando meu telegrama publicado nesse jornal sobre a passagem de um grupo de cangaceiros neste município, foi atacada, ontem, a fazenda Catolé, distante apenas 15 quilômetros desta cidade. Foi sequestrado pelos assaltantes o proprietário da mesma fazenda sr. Rogério Brito, para cujo resgate exigiram três contos de réis. (a) Antônio Araújo, presidente da Associação Comercial”.[2]

Na segunda notícia é possível observar que o grupo de cangaceiros no dia 06 de junho sequestrou Rogério Cavalcanti de Brito[3], dono da Fazenda Catolé e exigiram a quantia de 3 contos de réis para libertá-lo. O fazendeiro foi levado para o lugar Carrapateira, próximo a Boa Sorte (Pedra/PE), para onde o seu filho Renato Tenório de Brito levou o dinheiro e o resgatou.
Fazenda Catolé antes de ser deteriorada. Foto de Mariana Freitas.
Consta também que estavam na lista para que dessem dinheiro aos cangaceiros os fazendeiros de Ipanema, José Leopoldo de Carvalho, Joaquim Leopoldo de Carvalho e José Marcos de Carvalho, que por sorte escaparam.
Quanto ao tiroteio citado na primeira notícia que teria ocorrido em Ipanema deve ter se dado na fuga dos cangaceiros, todavia não localizei fontes que pudesse esclarecer ou enriquecer com novos detalhes o fato mencionado.
O fato é que Ipanema vivenciou também em sua história o cangaço que se alastrou por todo o Nordeste brasileiro por algumas décadas no final do século XIX e início do XX e teve em Lampião, Corisco e Antônio Silvino, seus principais expoentes.
Praça Joaquim de Carvalho Cavalcanti em Ipanema e a linda árvore com seus flamboyants floridos.
Disponível em:http://atrativope.blogspot.com.br/2014/01/pesqueira-atrativos-naturais-e.html 

Por Fábio Menino de Oliveira.




[1] Diário de Pernambuco, domingo, 7 de junho de 1936, Ano 111, Nº 134, p. 3.

[2] Idem, terça-feira, 9 de junho de 1936, Ano 111, nº 135, p. 8.

[3] Sobre o sequestro de Rogério de Brito e o ataque de Virgínio à Fazenda Catolé trato de forma mais abrangente e detalhada no livro BARRA: REMINISCÊNCIAS E NOTAS PARA A HISTÓRIA DE IPANEMA, PESQUEIRA-PE (2016, p. 147-149)

8 comentários:

  1. Temos que agradecer a você, por não deixar a nossa história morrer. Abração meu amigo, Júnior.

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    1. É um privilégio pra mim poder contar e recontar a história de nossa amada Pesqueira. Agradeço o comentário, abraços.

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  2. Muito boa matéria! Parabéns pelo trabalho.

    Raniere

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  3. Tenho 67 anos, e foi a primeira vez que tomei conhecimento dessa história,
    tão importante para a nossa cidade Pesqueira.Gostei muito parabéns!!!

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  4. Parabéns!de certo que eram bandidos sanguinários, minha avó era de Belo Jardim e falava que um tiode no Gedeão foi morto pelo bando de lampião ,e o próprio filho dele assistiu o assassinato escondido em cima de uma árvore, e se deu porque o bando ia saquear uma fazenda e os donos não estavam em casa.e o bando na volta encontrou meu tio. Irados perguntaram pelo patrões e o mataram.

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  5. Rogerio de brito era tio da minha mãe, era irmão do meu avô alvaro Cavalcanti de brito

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