quarta-feira, 9 de julho de 2025

PESQUEIRA E SUA PRIMEIRA PRAÇA AJARDINADA

 

Praça Dr. Pessoa de Queirós em 1926. Foto José Severiano Netto.

Em 14 de abril de 1907 foi aberto o tráfego ferroviário da Great Western entre Pesqueira e Recife. O espaço em frente ao terminal ferroviário passou a ser conhecido como o Largo da Estação, dando origem a um logradouro que foi ponto de encontro, chegadas e partidas de tantos viajantes. Nele muitas foram às vezes que a população se reuniu para receber autoridades civis, militares e eclesiásticas com o espírito acolhedor do povo pesqueirense. 

A chegada do trem impulsionou o crescimento urbano, o comércio e as melhorias de infraestrutura, como iluminação pública, calçamento e praças. Nesse sentido, a primeira intervenção da administração municipal para urbanização do Largo da Estação ocorreu na gestão do major Cândido Cavalcanti de Brito (1923-1925) que adquiriu um terreno a senhora Maria Brito para construção de uma praça ajardinada onde foram plantadas mudas em sua maioria de Ficus benjamina, conhecido popularmente como Figueira-benjamim ou simplesmente Benjamim, planta ornamental muito utilizada em paisagismo urbano por oferecer sombra em abundância. 

A nova praça era composta ao centro por um pavilhão de concreto armado, estrutura de linhas retas, clara, composta por colunas em estilo neoclássico para representar simplicidade, funcionalidade e a harmonia com a ornamentação tendo como função dar eixo visual à praça, criando um alinhamento entre a rua, o jardim e o prédio da estação. E para descanso dos viajantes e das pessoas que estavam à espera havia os tradicionais bancos de concreto, tão característicos do cotidiano das praças, onde as pessoas tinham tempo para conversar e usufruir da vida.

Integravam a praça um conjunto de postes metálicos equipados com braços curvos duplos, cada um sustentando uma luminária do tipo globo, voltada para baixo. É provável que usassem lâmpadas feitas de filamentos de carbono incandescentes dentro de um bulbo de vidro e emitiam uma luz amarela, quente e suave com baixa eficiência luminosa onde grande parte da energia virava calor, porém, era revolucionária para a época. Essas lâmpadas foram pioneiras e comuns em iluminação elétrica pública desde o final do século XIX até meados da década de 1920.

 As lâmpadas eram alimentadas pelo sistema de iluminação pública, cujo motor da marca “Fielding” foi encomendado pelo prefeito Carlos Frederico Xavier de Brito e instalado em 24 de dezembro de 1913 no prédio construído para abrigar a Usina Elétrica Municipal - atual Escola Cacilda Almeida. O referido motor teve a câmara de combustão trocada pelo prefeito Cândido de Brito para melhorar e ampliar o sistema de iluminação pública da cidade permitindo que chegasse à nova praça.

Detalhe importante, é que o design dos postes e das luminárias não servia apenas para a iluminação, mas, compunham um estilo ornamental e harmônico para o embelezamento da praça representando um processo de modernização urbana de Pesqueira, tornando-a o logradouro mais encantador e belo da cidade pelo conjunto formado pelas árvores, jardins, pavilhão colunado, bancos e postes de iluminação. 

1ª Foto: projeto do Parque Sérgio Loreto na antiga Campina do Bodé - Revista de Pernambuco 02/07/1924.
2ª Foto: Praça Sérgio Loreto em 1925 - Blog do Ibá Mendes.

Pois bem, o desenho arquitetônico da praça pesqueirense foi baseado na antiga Campina do Bodé que depois tornou-se a Praça Sérgio Loreto, no bairro de São José, área próxima à antiga Estação Ferroviária Central do Recife. A praça foi projetada em 1924 no estilo paisagístico inglês e implantada em 1926 pelo engenheiro e prefeito da capital Antônio de Góes, que fez o projeto e o executou em homenagem ao governador de Pernambuco na época, tornando-se mais belo jardim do Recife.

Inauguração da Praça Dr. Pessoa de Queirós - Álbum Cândido de Brito.
           

Após a sua modernização urbanística o antigo Largo da Estação recebeu o nome de Praça Dr. Pessoa de Queirós e foi inaugurada em 18 de outubro de 1925 pelo prefeito Cândido de Brito, sendo a primeira praça ajardinada de Pesqueira, um marco importante do desenvolvimento urbano da cidade que começou a partir da estação ferroviária que trouxe o progresso e a modernidade. Prova disso, é que a praça central D. José Lopes, defronte à Catedral de Santa Águeda só seria ajardinada 15 anos depois, em 1941.

Um dado interessante é que o homenageado Dr. Francisco Pessoa de Queirós, conhecido como F. Pessoa de Queirós (Umbuzeiro/PB, 7/11/1890 — Recife/PE, 7/12/1980), estava vivo no ato da homenagem, algo que era permitido pela legislação à época. Como justificativa para a escolha do nome do então deputado federal por 4 mandatos entre 1921 e 1930, assim escreveu o Álbum da Administração de Cândido de Brito: “Muitos têm sido os serviços em benefício desta terra, à frente dos quais o Dr. Pessoa de Queiroz se tem posto, numa defesa e justificação valiosas e eficazes, resultando sempre em brilhante êxito, com real proveito para o progresso de Pesqueira.”

Foto de outro ângulo no dia da inauguração, mostrando ao fundo o
famoso chalé do Maestro Tomás de Aquino - Álbum Cândido de Brito.
     

Cabe registrar que outra grande melhoria na infraestrutura foi a pavimentação em calçamento feito com pedras de um trecho ao lado da praça recém-construída no final de 1925, onde foi feito um grande aterro e que tinha a finalidade de melhorar o tráfego urbano e facilitar o acesso a estação ferroviária, sobretudo, nas épocas invernosas. Vale salientar, que esta foi à primeira rua calçada de Pesqueira e que ainda encontra-se em sua grande parte intacta, e que assim permaneça por ser um patrimônio histórico da cidade, representando as primeiras iniciativas de modernização urbana.

Primeira rua calçada de Pesqueira e suas
pedras irregulares que contam histórias.

A nomenclatura do logradouro como Praça Dr. Pessoa de Queirós durou cerca de 5 anos. Tendo Eliseu Elói Cavalcanti sido nomeado prefeito de Pesqueira em 18 de outubro de 1930 pelo Interventor de Pernambuco Carlos de Lima Cavalcanti e diante do novo governo que surgiu após a Revolução de 1930 com a posse de Getúlio Vargas como presidente do Brasil ocorreram atos imediatos para homenagear datas e personalidades em logradouros e escolas que tivessem ligação com o movimento revolucionário.

Por esta razão, um dos que mais receberam homenagens Brasil afora foi João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Umbuzeiro/PB, 24/01/1878 — Recife/PE, 26/07/1930), ou simplesmente João Pessoa, governador da Paraíba e candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas e que fora assassinado em Recife por João Dantas. A sua morte foi uma das causas da Revolução de 1930, simbolizando a luta pela tomada de poder contra as oligarquias que comandaram o país durante a República Velha.

Em Pesqueira não foi diferente com o nome de Praça João Pessoa substituindo o do Dr. Pessoa de Queirós na praça da estação ferroviária, assim como ocorreu em todos os municípios pernambucanos,  é difícil encontrar uma cidade que não teve um de seus logradouros designado como João Pessoa. Inclusive, o município de Pesqueira fez a doação em 1932 de 209 mil réis para a construção de um monumento que foi erigido no Rio de Janeiro, então capital brasileira.

A reportagem do Diário da Manhã de 6 de agosto de 1931 noticia um grande evento em homenagem ao primeiro aniversário da morte de João Pessoa realizado em Pesqueira no domingo dia 2 de agosto. Na oportunidade foram realizadas várias cerimônias cívicas com destaque para uma sessão magna no Grupo Escolar Ruy Barbosa em que tomaram parte o prefeito Eliseu Elói Cavalcanti, o padre Arruda Câmara e a professora Lívia Galvão, além de diversas pessoas da sociedade pesqueirense que lotaram as dependências do grupo escolar. 

Praça João Pessoa em 1932. Acervo de Marcelo Nascimento.

Uma fotografia de 1932 mostra a praça diferente de 1926 nos seguintes aspectos: calçada completa no seu entorno, quantitativo menor de árvores, jardins e retirada dos postes de ferro, já sendo possível ver postes maiores com as linhas de transmissão da energia elétrica, uma vez que toda a rede de iluminação pública de Pesqueira foi mudada na segunda gestão de Cândido de Brito (1927-1928). Sobre estas mudanças paisagísticas na praça não identificamos em que ano foram feitas, entretanto, é possível que tenha ocorrido na gestão de Eliseu Elói Cavalcanti.

A terceira mudança do nome da praça ocorreu por meio do Projeto de Lei nº 46/1956 do vereador Luiz Ferreira Rocha proposto na sessão de 10 de outubro de 1956 e que previa a alteração do nome de Praça João Pessoa para Praça Manoel Caetano de Brito, transferindo o mesmo para o último trecho da Avenida Joaquim Nabuco começando no cruzamento que dá acesso ao cemitério local e que atualmente chama-se Avenida Dr. Carlito Didier Pitta, desaparecendo o nome de João Pessoa das artérias municipais. 

Na sessão de 17 de outubro de 1956 sob a presidência do vereador Enedino de Freitas e com a presença dos edis: Luiz Rocha (autor do projeto), Amauri de Brito, Maria do Carmo Freitas, Albérico Soares e Maviael Lopes, estando ausente Petronilo de Freitas. Foi aprovado por unanimidade em 2ª discussão o Projeto de Lei nº 46/1956 dando o nome de Praça Manoel Caetano de Brito em homenagem ao industrial pesqueirense falecido no Rio de Janeiro em 17 de agosto de 1956.

Comendador Manoel Caetano de Brito.
Acervo Marcelo Nascimento.

Manoel Caetano de Brito nasceu em Pesqueira no dia 31 de julho de 1898, era filho de Carlos Frederico Xavier de Brito e Maria da Conceição Cavalcanti de Brito, fundadores das Fábricas Peixe. Casou com Maria Carolina Guimarães de Brito (Marly) e teve duas filhas: Cecília Maria Brito de Azevedo e Maria Carolina Guimarães de Brito. 

O industrial pesqueirense exerceu funções empresariais de destaque como Diretor Superintendente Geral das Indústrias Alimentícias Carlos de Brito S.A e Presidente da Cooperativa dos Usineiros de Pernambuco e nas instituições filantrópicas foi Presidente da Liga Social Contra o Mocambo. Em 1949 foi agraciado pelo Papa Pio XII com o título de Comendador da Ordem de São Gregório Magno.

Sua morte repentina por conta de um infarto causou consternação no país, sendo homenageado com votos de pesar pelo Congresso Nacional, Assembleia Legislativa de Pernambuco, Câmara de Vereadores de Pesqueira e pela prefeitura que decretou luto oficial de 3 dias. Luís Wilson (1980 p. 224) assim escreveu: “O que eu mais, no entanto, admirava em Manoel de Brito era o imenso coração, a bondade e o tratamento sempre amigo e afetuoso para com todo mundo”.

Praça Manoel Caetano de Brito em 2025.

A Praça Manoel Caetano de Brito carrega a história de ser a primeira praça ajardinada e onde foi construído o calçamento pioneiro de Pesqueira marcando muito além do avanço urbanístico, pois, tornou-se símbolo do desejo de modernização e embelezamento da cidade. Mais do que um espaço verde, a praça  tornou-se ponto de encontro, convivência e memória afetiva para gerações pesqueirenses. 

Por esta razão, sua história deve ser mantida como patrimônio pesqueirense, nos ensinando que lugares públicos têm que ser preservados e não destruídos ou desfigurados para beneficiar interesses particulares. A originalidade conta trajetórias, narra histórias e desperta memórias. Do contrário perdemos a nossa identidade e o sentimento de pertencimento, tão próprios de quem ama a sua terra, seja por nascimento ou adoção, o que importa é o pulsar do coração pesqueirista que valoriza a sua história.

 

Por Fábio Menino de Oliveira

Referências Bibliográfica

CÂMARA MUNICIPAL DE PESQUEIRA. Ata de instalação dos trabalhos da 4ª e última sessão ordinária do corrente ano, realizada no dia 10 de outubro de 1956. Arquivo da Câmara Municipal de Pesqueira, 1956. 

___________________________________________. Ata da 2ª reunião da 4ª e última sessão ordinária do corrente ano, realizada no dia 17 de outubro de 1956. Arquivo da Câmara Municipal de Pesqueira, 1956.

DIÁRIO DA MANHÃ - edições de 06/08/1931; 02/02/1932; e 1º/11/1932.

JORNAL DO RECIFE - edição de 12/7/1931.

MACIEL, José de Almeida. Ruas de Pesqueira. Apresentação de Gilvan de Almeida Maciel. Recife, CEHM, 1987.

MACHADO, Fernando. Da Praça Sérgio Loreto para o Mundo. Disponível em: https://fernandomachado.blog.br. Acesso em: 7 jul. 2025. 

PESQUEIRA. Álbum de Pesqueira: Estado de Pernambuco. Organizado na administração do Coronel Cândido Cavalcanti de Britto, na gestão de 1923 a 1925. [S.l.]: [s.n.], 1925.

WILSON, Luís. Ararobá, Lendária e Eterna. CEPE/Pref. de Pesqueira. Recife: 1980.

terça-feira, 1 de julho de 2025

PADRE FRANÇA: MÁRTIR DA CONFISSÃO

 

Consumatus in brevi, explevit tempora multa (Sb 4,13).

A infância e a família 

 

            Às 10 horas do dia 19 de fevereiro de 1919 na Fazenda Bom Nome do então distrito de Alagoinha, município de Pesqueira/PE, nasceu uma criança que recebeu por nome José França de Oliveira. Filho primogênito de Francisco França de Oliveira (Alagoinha, 31/08/1896 - Fazenda Bom Nome, 19/08/1964) e de sua primeira esposa Maria Prima de Oliveira “Cota” (Alagoinha, 30/11/1901 - Fazenda Bom Nome, 30/11/1926), casados no Sítio Mulungu de Alagoinha em 30 de novembro de 1916, matrimônio celebrado pelo padre Frutuoso Rolim de Albuquerque.

Sede da Fazenda Bom Nome na atualidade, na época do nascimento
do Pe. França a casa era de taipa. Cortesia de Jorival França.

            

           Neto paterno do capitão José Ignácio de Oliveira Paes (1858 - ?) e Maria Antonina Torres Galindo (1869 - ?), casados civilmente na propriedade Canga em Alagoinha no dia 31 de julho de 1894. “Neto materno de Francisco Ignácio de Oliveira Paes que também aparece como  Francisco Ignácio da Silva Filho “Chiquinho”“ (1864-1946) e sua primeira esposa Umbelina Benigna de Almeida “Bilú” (1870-1922), casaram em Alagoinha no dia 1º de março de 1892. 

            Bisneto pelo capitão José Ignácio e por Francisco, de Francisco Ignácio da Silva “Chico Grande” e sua primeira esposa Francisca Paula de Jesus; bisneto por Maria Antonina, de Cândido Miranda Torres Galindo e Jovina Lopes Rabelo; e bisneto por Umbelina Benigna de Manoel Benigno de Almeida e Anna Cândida dos Santos.

Trineto por Francisco Ignácio, de José Ignácio Paes de Lira e sua primeira esposa Palquéria Maria da Conceição. Tetraneto por José Ignácio, de Luís Ignácio Paes de Lira e esposa desconhecida. Tetraneto por Palquéria Maria, de Gonçalo Antunes Bezerra Júnior e Anna Bernarda Bezerril Torres Galindo. Pentaneto por Gonçalo Júnior, de Gonçalo Antunes Bezerra (fundador de Alagoinha) e Antônia Maria de Jesus. Pentaneto por Anna Bernarda, do capitão José Teixeira Machado e Maria da Luz Torres Galindo. Hexaneto por Gonçalo Antunes, do capitão Antunes Frutuoso de Matos e Antônia dos Anjos Bezerra. Hexaneto pelo capitão José Teixeira, do capitão José Teixeira de Siqueira e Bárbara Maria de São Pedro. Hexaneto por Maria da Luz, de Antônio Francisco Torres Galindo e Maria Nunes Bizarril.

            Em 1º de março de 1919, o menino José com 12 dias de nascido foi levado à pia batismal por seus pais para receber o batismo. Existe uma dúvida quanto ao local do batizado, o registro encontrado no familysearch diz que foi na Capela de Pão de Açúcar, no entanto, como o mesmo aparenta ser uma cópia devido às informações terem sido preenchidas em livro já impresso e ainda assim existirem lacunas, algo que não era comum para a época onde os livros de registros eclesiásticos eram manuscritos nos induz a duvidar da veracidade da informação.

Além do exposto, qual o sentido do batizado ter sido em Pão de Açúcar na divisa entre Pesqueira e Poção, sendo que a família e os padrinhos tinham todas as ligações com Alagoinha? O mais provável é que o batismo tenha sido realizado na Matriz de Alagoinha ou mesmo na Catedral de Santa Águeda.

No batismo, sacramento de iniciação da vida cristã, a comunidade da igreja acolhe um novo membro que renasce para uma vida nova em Cristo e faz a sua aliança com Deus, não por merecimento, mas, por graça divina.

            O padre Frutuoso Rolim de Albuquerque ao derramar a água sobre a cabeça de José como símbolo de purificação, renovação e vida nova proferiu as palavras sacramentais do rito: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." Foram seus padrinhos o casal José de Almeida Maciel e Florinda de Almeida Maciel. E assim, José foi acolhido pela igreja à qual dedicaria sua vida breve no tempo, mas, rica em sentido.

Em 18 de setembro de 1927, aos 8 anos de idade fez a primeira comunhão na Igreja Matriz de Alagoinha. Este sacramento é um dos momentos mais importantes na vida religiosa de um católico, pois marca a primeira vez que a criança (ou adulto) recebe o Sacramento da Eucaristia, isto é, o Corpo e Sangue de Cristo, sob as espécies do pão e do vinho consagrados. De forma espiritual significa a união mais íntima com Jesus, como Ele mesmo disse: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele (João 6,56)”. 

            A vida cristã e os valores morais teve como exemplo a educação recebida por seus pais de cujo matrimônio nasceram 8 filhos: Maria José, José (1919), Antônio (1920), Otília (1921), Libério (1922), Donatilia (1923), Nicácio (1925) e Lourival de França Oliveira, tendo Cota falecido no parto deste, em 30 de novembro de 1926 com apenas 25 anos de idade. Pelo óbito localizado, ela deixou 7 filhos vivos contando a partir de José, o que nos leva a crer que Maria José faleceu em tenra idade.

Francisco França de Oliveira. Cortesia de Jorival França.

Francisco França casou novamente em Alagoinha no dia 20/04/1928 com Marieta Inojosa de Oliveira (Alagoinha, 10/9/1911 - Recife, 31/8/2005), filha de Francisco Faustino de Inojosa e Maria Antonina Galindo que ajudou na criação dos seus 7 filhos menores e de cuja união nasceram 19 filhos: José, Odilia, Josaphat , Josias, Maria do Socorro, Jacques, Maria da Assumpção, Marinete, Maria José, Jorival, Jabel, Maria do Carmo, Maria das Graças, Josabel, Josival, Jason, Jaime, Maria Teresa e Maria Aparecida Inojosa de Oliveira.

Padre França, tendo a sua esquerda o seu irmão e a sua
direita o cunhado Edson Galindo casado com Otília França.
Cortesia do Pe. Eduardo Valença.
   

 Segundo estudo genealógico da Família França escrito por Wilka Inojosa e Kiriak Inojosa a que tive acesso, e que gentilmente foi cedido pelo Pe. Eduardo Valença, em janeiro de 2024 a descendência de Francisco França de Oliveira e suas duas esposas Maria Prima de Oliveira/Marieta Inojosa de Oliveira contava com 27 filhos, 73 netos, 130 bisnetos, 97 trinetos e 1 tetraneto.

            Uma numerosa prole de cidadãos e cidadãs educados nos princípios e na moral cristã sendo exemplo de homens e mulheres bem quistos na sociedade por sua retidão e caráter nas mais diversas atividades e segmentos em que atuaram ou atuam mantendo o legado da família França.

 

O curso primário e a vocação

 

O menino José dos 7 aos 12 anos fez o curso primário na Escola da Fazenda Mulungu, distante quase 6 km da Fazenda Bom Nome, percurso que fazia a pé, cumprindo o horário das 7 às 15 horas.

Aluno dedicado, logo que concluiu o curso primário e foi crescendo sentiu-se chamado a vocação para servir à Igreja mostrando para a sua família o desejo de ingressar no seminário.

Essa informação consta num esboço manuscrito com traços biográficos breves, porém, com dados valiosos e no mesmo diz que foi estudar no Seminário de Olinda, onde permaneceu por vários anos. Confrontando com as atas em que constam o recebimento das ordens menores, constam ao se referir ao clérigo José França de Oliveira o termo “minorista” usado na tradição dos seminários católicos, especialmente antes do Concílio Vaticano II, para indicar a etapa inicial da formação sacerdotal onde o vocacionado, geralmente jovens entre 11 e 16 anos ingressavam no Seminário Menor que funcionava como um colégio interno, preparando para o ingresso no Seminário Maior.

Porquanto, é bastante provável que José França de Oliveira tenha ingressado no Seminário de Olinda ainda bem jovem como aluno interno, logo após ter concluído o ensino primário. Seu pai, Francisco França, em uma das suas cartas de agradecimento post mortem, escreveu: “Durante os doze anos de estudos Colegiais e no Seminário palmilhando o caminho da Verdade Eterna.”

Dessa forma, se fizermos as contas até o ano de 1946 quando foi ordenado sacerdote, teria o Padre França iniciado os estudos no Seminário de Olinda em 1934 com 15 anos de idade.

 

Caminho Formativo ao Sacerdócio

 

Na época em que o jovem José França de Oliveira ingressou no seminário o caminho formativo ao sacerdócio na Igreja Católica anterior às reformas do Concílio Vaticano II (ou seja, até o início da década de 1960) seguia uma estrutura tradicional e hierárquica, fundamentada na progressiva consagração do homem ao serviço de Deus e da Igreja, por meio de graus sucessivos. Era um percurso exigente, espiritual e disciplinar, que culminava na ordenação presbiteral.

O ingresso no seminário geralmente ocorria no curso ginasial após o ensino primário básico, onde os jovens eram submetidos à formação espiritual, doutrinal, moral, litúrgica, filosófica e teológica. Quanto aos estudos eles se dividiam: Curso menor (latim, humanidades, catecismo, introdução à vida espiritual); e Curso maior (filosofia e teologia).

Seminário de Olinda e Igreja de Nossa Senhora da Graça.

Ao que consta a parte dos estudos ginasiais e o curso menor foram feitos no Seminário Maior Nossa Senhora da Graça, mais conhecido como Seminário de Olinda, que é um dos marcos mais importantes da história religiosa e arquitetônica do Nordeste fundado em 16 de fevereiro de 1800 por Dom José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, no espaço do antigo colégio jesuítico ligado à Igreja de Nossa Senhora da Graça – construída originalmente em 1551 por Duarte Coelho e transferida aos jesuítas como colégio em meados do século XVI.

O Curso Maior e a parte final dos estudos foram realizados no Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição (SAPIC), fundado em 4 de março de 1894 por Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques — primeiro bispo e depois arcebispo da Paraíba. Na década de 1940 o SAPIC funcionava no histórico Convento de Santo Antônio que junto com Igreja de São Francisco formam um dos mais importantes complexos barrocos do país concluído em 1770. 

Convento de Santo Antônio e Igreja de São Francisco em João Pessoa/PB

Aos 10 de abril de 1944 em missa celebrada pelo bispo D. Adalberto Sobral na Catedral de Santa Águeda foi conferida ao seminarista José França de Oliveira a ordem da 1ª Tonsura que consistia no corte de alguns fios de cabelo em forma de cruz e o uso da batina para simbolizar o abandono do mundo e a consagração a Deus. Após este primeiro rito o seminarista passava a ser chamado de clérigo.

Em 19 de novembro de 1944 o clérigo José França de Oliveira recebeu as primeiras ordens menores chamadas de Ostiariato e Leitorato na Igreja Catedral de Nossa Senhora das Neves em João Pessoa/PB em missa celebrada por D. Moisés Coelho, Arcebispo Metropolitano da Paraíba. Essas ordens eram chamadas menores por serem passos preparatórios na caminhada rumo ao sacerdócio e cujas funções eram a seguinte: o Ostiário tinha a responsabilidade de zelar pela casa de Deus, abrir e fechar a igreja, manter ordem durante as celebrações; e  ao Leitor cabia fazer a leitura das Sagradas Escrituras (exceto o Evangelho) nas celebrações litúrgicas e instruir os fiéis e catecúmenos.

Catedral de Nossa Senhora das Neves em João Pessoa/PB.

Em 7 de março de 1946 recebeu as duas últimas ordens menores: Exorcistato e Acolitato na Capela do Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição (SAPIC) em missa celebrada por D. Moisés Coelho. Como exorcista podia rezar orações para libertação dos fiéis, especialmente catecúmenos. Por sua vez, como acólito, cabia às funções de  servir ao altar, portar velas, preparar vinho e água, e auxiliar nas funções litúrgicas.

Em 27 de outubro de 1946, durante a Festa de Cristo Rei na Capela do Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição (SAPIC) pela imposição das mãos do arcebispo D. Moisés Coelho recebeu a sua  primeira ordem maior: o Subdiaconato,  na qual eram impostas as obrigações definitivas do celibato perpétuo e da recitação do Ofício Divino.

Dom Moisés Sizenando Coelho (1877-1959)
Arcebispo da Paraíba.

Em 1⁰ de dezembro de 1946 foi ordenado Diácono na Igreja Catedral de Nossa Senhora das Neves em missa celebrada pelo arcebispo D. Moisés Coelho. Neste momento foi conferido ao novo diácono o poder sacramental para proclamar o Evangelho, pregar, batizar, assistir ao matrimônio e ministrar a Eucaristia (sem consagrar). Como vestes características o uso da dalmática e da estola transversal.

Matriz do Bom Jesus dos Remédios
em Afogados da Ingazeira/PE

Aos 29 de dezembro de 1946 após uma longa caminhada preparatória foi ordenado Presbítero na Matriz do Bom Jesus dos Remédios em Afogados da Ingazeira tendo recebido a consagração presbiteral do bispo D. Adalberto Sobral como adiante podemos ler o registro em ata da Câmara Eclesiástica de Pesqueira. 

 

“Certifico que no dia vinte e nove de dezembro de mil novecentos e quarenta e seis, S.Exa. Revma. o Sr. Bispo Diocesano D. Adalberto Sobral, na missa que celebrou, por ocasião do Congresso Eucarístico Sertanejo, na Matriz de Afogados da Ingazeira, conferiu ao diácono José de França Oliveira, devidamente preparado, a Sagrada Ordem do Presbiterato. E para constar como ainda para fins de direito, firmei o presente termo. Câmara Eclesiástica de Pesqueira, 10 de fevereiro de 1947. Pe. José Moreno de Santana - Secretário do Bispado”.

 

Dom Adalberto Sobral, bispo de Pesqueira.

O Pe. José França de Oliveira foi ordenado durante o Congresso Eucarístico Sertanejo realizado no período de 28 de dezembro de 1946 a 1⁰ de janeiro de 1947. Idealizado pelo Vigário Pe. Luiz Madureira com a aprovação do bispo D. Adalberto Sobral e o auxílio da comissão organizadora formada além do próprio Vigário, pelo prefeito Jonas Veras e pelos senhores José Correia de Siqueira, Helvécio Cézar Lima e Severino Pereira de Souza. Esse Congresso cujo objetivo era a glorificação pública de Jesus Sacramentado reuniu em Afogados da Ingazeira o clero de três regiões do sertão pernambucano: o São Francisco, o Moxotó e o Pajeú.

A sua primeira missa foi celebrada no dia 1⁰ de janeiro de 1947 na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Alagoinha, cidade berço da sua família. Vale salientar, que até a década de 1960 a festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição tinha o seu novenário de 23 a 31 de dezembro com a procissão de encerramento das festividades no dia 1⁰ de janeiro, o que se deduz que a primeira celebração eucarística do Padre França foi um acontecimento jubiloso, pois a comunidade alagoinhense acolhia o primeiro sacerdote filho da terra nas celebrações da sua gloriosa padroeira.

Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Alagoinha/PE

Virtuoso, culto e operoso exercia seu ministério com humildade e caridade, merecendo o apreço e a estima das comunidades de Pesqueira e Alagoinha. Por essa razão, mesmo com pouco tempo de sacerdócio foi secretário do Bispado de Pesqueira, Vice-reitor e professor do Seminário São José de Pesqueira e do Colégio Cristo Rei, Capelão do Colégio Santa Dorotéia, Capelão da Igreja São Sebastião de Pesqueira e  Diretor da Juventude Operária Cristã (JOC).

 

A fundação de uma escola

 

            Padre França assim como bom sacerdote tinha a vocação da catequese que ensina para a formação cristã e humana, por isso, não foi apenas padre, mas também professor, dada a sua paixão pela educação.

            Como Capelão da Igreja de São Sebastião fundou uma escola primária no bairro, provavelmente entre os anos de 1947 ou 1948 e que depois recebeu seu nome tendo funcionado até pelo menos 1966. Em ata da Câmara de Vereadores de 16/05/1951, consta um requerimento do vereador Félix Alves Maciel solicitando iluminação pública para a rua onde estava localizada a escola.

 

"Ata da 7ª reunião da 2ª sessão ordinária do corrente, da 1ª legislatura, realizada no dia 16 de maio de 1951, sob a presidência do senhor Manuel Tenório de Brito. [...] Do expediente constou o seguinte: requerimento n. 9/51, do vereador Félix Alves Maciel solicitando do prefeito iluminação pública para a Rua do Salgado e uma outra onde fica localizada a Escola “Padre França” nesta cidade [...]”

 

A Escola Padre França constava na lista das instituições pernambucanas que recebiam subvenção do Ministério da Educação pagas pela  Delegacia Fiscal nos orçamentos de 1954, 1955, 1956 e 1961 foram pagos o valor de 3 mil cruzeiros por ano para ajudar na manutenção da escola.

De acordo com as nomeações do Diário Oficial do Estado, pudemos localizar as seguintes professoras: Maria Ady de Freitas Valença (a primeira), Marina Mota de Avelar Alchorne, Maria Eutália Rocha, Maria de Lourdes Pereira Gonçalves e Maria Lúcia de Andrade Freitas.

A seta indica a Escola Padre França.

Em fotografia que mostra o Bairro de São Sebastião no início da década de 1950 - estimativa feita em razão da Rua Barão de Cimbres não está pavimentada, sendo que o calçamento iniciou em janeiro de 1954 na gestão do prefeito Laércio Valença - é possível ver que Escola Padre França estava localizada no espaço onde se encontra a praça, sendo demolida quando foi construído o logradouro público que presta uma justa homenagem ao fundador da escola.

 

O jornal

 

Padre França atuou também como colaborador do jornal O Ideal, órgão mensal católico criado em 8 de dezembro de 1947, formato de 25 x 19, com quatro páginas de quatro colunas, impresso pela Oficina Gráfica Diocesana. 

O Ideal tinha como subtítulo: “Todos Sejam Um Nas Chagas de Cristo” e como lema: "Não é um jornal. É uma chama. É a chama de uma vocação. É a chama de um ideal." A sua direção era composta pelo Pe. Olímpio Torres (Assistente Eclesiástico), José Rabelo e Vicente de Alencar (redatores) e José Goiana (gerente).

De acordo com Wilson (1980, p. 405) e Nascimento (2002, p. 540-541) foram colaboradores do jornal além do Padre França os seguintes religiosos: Pe. Faustino, Pe. Olímpio Tôrres ( com o pseudônimo de R. de Spínola), Pe. Xisto, Pe. Augusto Carvalho, Pe. Luiz G. de Oliveira, Pe. Honório Rocha, Pe. José Aragão, Pe. Nivaldo Monte, Pe. Álvaro Negromonte, Monsenhor Ascânio Brandão, Monsenhor Urbano de Carvalho, Cônego Santana e D. Augusto Álvaro da Silva (com o pseudônimo de Carlos Neto); os Seminaristas Guilherme Marinho de Andrade, A. Nascimento e Lenivaldo Aragão; e leigos J. C. Amaral, Murilo Viana, Domingos de Albuquerque, Jaques Trindade, Murilo Távora, Djalma de Andrade, Potiguar Matos, Antônio Holanda, Maria do Rosário Ferraz, Timóteo de Alcântara, Luiz de Freitas, Dulce Cristina Galindo, Raimundo Estrela e Cícero Galindo.

Com conteúdos doutrinários, religiosos e literários voltados à Diocese tornou-se a partir de janeiro de 1952 no “órgão apostólico do Seminário São José”, incluindo a Página dos Seminaristas, tendo aumentado o formato para 32 x 24. O Ideal circulou de forma ininterrupta até novembro de 1954, quando encerrou as atividades. 

Vale salientar que o primeiro jornal da Diocese de Pesqueira foi o Era Nova nos anos de 1920/1922, retornando para uma 2ª fase a partir de 1955 sucedendo O Ideal que segundo o editorial de despedida, foram distribuídos mais de cem mil exemplares no Estado influenciando vocações para o jornalismo e a poesia.

E foi justamente através dos recortes dos jornais que acreditamos serem de A VOZ DE PESQUEIRA, FOLHA DE PESQUEIRA e O IDEAL, periódicos que circulavam em 1949 e que constam nos arquivos da família gentilmente cedidos por Jorival França. Embora estejam sem as datas e sem a identificação a qual jornal cada recorte pertence, pensamos ser o mais importante o acesso às informações referentes ao período da enfermidade, da morte e das homenagens póstumas ao Padre França.

 

A enfermidade

 

Padre França no auge da sua juventude e com o desejo de servir a Deus se dividia em muitos afazeres como professor, colaborador de jornal, capelão e secretário do Bispado, mas acima de tudo, era o sacerdote, que não media esforços para visitar os pobres e os enfermos para levar os sacramentos e dar uma palavra de conforto.

E foi justamente no ofício de Capelão da Igreja de São Sebastião, ao atender o chamado para ministrar os sacramentos da confissão e da unção dos enfermos a um acamado vítima da febre tifoide que contraiu a doença. 

Inicialmente permaneceu no Seminário São José, sendo depois levado para a residência do seu pai na antiga Praça Marquês do Herval, onde atualmente está localizada as Óticas Diniz, em razão da gravidade da doença.

Assim escreveu um jornal pesqueirense: “Pe. José França. Ao redigirmos esta nota, o revdo. Pe. José França, secretário do Bispado e nosso dileto amigo, acha-se com a saúde profundamente afetada. Auguramos ao bom Deus possa esse bondoso e dedicado sacerdote resistir às investidas da moléstia, recuperando a saúde.”

Foram mais de 30 dias acamado com as complicações da febre tifoide, tendo recebido a assistência médica do Dr. Lídio Paraíba, amigo da família e clínico da confiança do Padre França, que desde os 5 meses de vida quando teve um grave problema de saúde que foi tratado por Dr. Lídio sempre o procurava, inclusive, quando vinha de férias dos estudos para descansar junto aos seus, era certa a visita ao clínico pesqueirense para cuidar da sua saúde.

Mesmo com o sofrimento do corpo pelas terríveis dores a cada visita do Dr. Lídio Paraíba não lhe faltava como escreveu seu pai: “toda a esperança de vencer a moléstia estampada no sorriso que lhe aflorava dos lábios, obedecia todas as prescrições.” Tudo foi feito pelo médico para salvar a sua vida e por isso o agradecimento da família, nas palavras de Francisco França: “Por tudo isto protestamos a nossa imorredoura gratidão e ao mesmo tempo manifestamos ao grande médico pesqueirense os nossos mais sinceros agradecimentos”. 

Enquanto estava no leito de dor estiveram ao lado do Padre França além dos seus familiares, pessoas que o visitaram, pernoitaram e auxiliaram no tratamento: representando o clero diocesano D. Adelmo Machado, Pe. Olímpio Torres, Pe. José Noval de Oliveira, Pe. João de Souza Lima, Pe. Augusto de Carvalho e o Monsenhor João Pires;  os médicos Dr. Jenecy Ramos, Dr. Carlito Didier Pitta e Dr. Walter Didier; o prefeito Ésio Araújo; os senhores Petronilo Queiroz, José Tenório, Paulo Brito, Clovis de Freitas e Pedro Acioly; a senhora Ana Leite; a senhorita Eliza Carvalho e os seus ´padrinhos José de Almeida Maciel e Florinda de Almeida Maciel.          

A febre tifoide que acometeu o Padre França é uma infecção bacteriana causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi, e os seus sintomas podem variar em intensidade e evoluir ao longo dos dias. De forma resumida o enfermo na fase inicial (1ª semana) tem febre persistente, mal-estar geral, fadiga e fraqueza, dor de cabeça (cefaleia), dores no corpo (mialgia), tosse seca, falta de apetite e desconforto abdominal. Na fase intermediária (2ª a 3ª semana): febre alta contínua (acima de 39ºC), distensão abdominal, diarreia ou, em alguns casos, prisão de ventre, manchas róseas no tronco (erupções discretas), hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço), delírios ou confusão mental (em casos mais graves), e bradicardia relativa (pulso mais lento que o esperado para a febre).

Como se pode ver é uma doença muito agressiva que evolui para quadros graves, o que certamente ocorreu com o Padre França e, principalmente, se levarmos em consideração que a medicina na época não dispunha de tantos meios como na atualidade.

 

A páscoa

 

            O padre José França de Oliveira após uma luta hercúlea contra a enfermidade entregou a sua alma a Deus às 22 horas da sexta-feira dia 18 de março de 1949, tendo como causas mortis miocardite - inflamação do miocárdio provocada pela presença da bactéria causadora da febre tifoide - atestada pelo Dr. Lídio Paraíba.

Trecho da nota de falecimento em jornal da época.

            Algumas notas de jornais dão a ideia da grande consternação e pesar pela sua páscoa definitiva destacando a tristeza da repercussão pelo falecimento do Padre França aos 30 anos de idade e com pouco mais de dois anos de ministério sacerdotal. Em uma delas dizia: “Sacerdote ainda muito moço, dotado de um espírito de positiva vocação para o ministério de Deus, o padre José França era bem uma esperança do clero pesqueirense”. A outra nota transcrevia uma mensagem vinda do Maranhão cujo teor era o seguinte:

 

“Padre França. A 21 de Março, às 7:10 da noite, a ‘Rádio Ribamar’, do Maranhão, enviava à Pesqueira a seguinte mensagem de pêsames: Alô, Pesqueira! Unidos ao eminente coração sacerdotal do Exmo. e Revmo. Sr. Arcebispo Metropolitano D. Adalberto Sobral, bem como ao do Exmo. e Revmo. Sr. D. Adelmo Machado, dd. Bispo de Pesqueira, todos os habitantes do Palácio Cristo Rei de S. Luiz do Maranhão manifestam à mesma diocese de Pesqueira e à família enlutada os seus sentimentos de pesar pelo prematuro falecimento do sempre lembrado, douto e virtuoso Pe. José França de Oliveira. Sempre bendizendo a soberana vontade de Deus, pedimos ao mesmo Senhor que, nesta hora, já tenha feito ouvir ao saudoso Padre França o doce e felicíssimo convite que dirigiu aos seus eleitos: Muito bem, servo bom e fiel! Já que foste fiel no pouco, constituir-te-ei sobre o muito. Entra no gozo do teu Senhor (Mt. 25, 21).”

 

            O seu corpo foi conduzido à Catedral de Santa Águeda acompanhado por inúmeras pessoas, inclusive pela banda musical 11 de Setembro. Na Igreja Mãe da Diocese de Pesqueira foi presidida pelo Bispo D. Adelmo Machado e concelebrada pelo clero diocesano a solene liturgia das exéquias e daí partiu o cortejo fúnebre para ser sepultado no cemitério de Alagoinha no jazigo perpétuo da família, onde também mereceu inúmeras homenagens com grandes demonstrações de pesar. 

            A Câmara de Vereadores por proposição do edil Genésio de Oliveira Rosas aprovou um voto de pesar na sessão de 23 de março de 1949, ei-lo:

 

“Aos vinte e três (23) dias do mês de março de mil novecentos e quarenta e nove (1949), à hora regimental, presentes os vereadores Félix Alves Maciel, Epifânio Vasconcelos e Silva, Tito Vanderlei, Luiz Clóvis de Freitas, Luiz Ferreira da Rocha, José Basílio de Oliveira e Genésio, na ausência do senhor Manuel Tenório de Brito, assumiu a presidência o senhor Félix Alves Maciel, na qualidade de vice-presidente, que declarou aberta a sessão. Deixaram de comparecer os vereadores Manuel Tenório de Brito, por motivo de doença, Laurentino Ventura Caraciolo e Enedino de Freitas Mendonça. O presidente convidou o senhor Luiz Ferreira da Rocha para servir de segundo secretário, compareceu o senhor Laurentino Ventura Caraciolo. [...] Usou da palavra o senhor Genésio Rosas que se reportou ao falecimento e à personalidade do padre José França de Oliveira, requerendo que da ata ficasse constando uma nota de pesar e que a Câmara telegrafasse à família do extinto, e ao exmo. Senhor bispo diocesano  apresentando condolências.”

 

A missa de 7º dia em sufrágio da sua alma foi celebrada às 7 horas da quinta-feira, 24 de março de 1949 na Catedral de Santa Águeda sendo presidida por D. Adelmo Machado com a presença do clero diocesano, familiares, amigos e pessoas em geral que desejavam prestar a sua solidariedade cristã. Também foram celebradas missas em intenção do Padre França na Matriz de Alagoinha no mesmo dia, às 8 horas.

Convite da missa de 30º dia.
            

As missas de 30º dia foram celebradas na Catedral de Santa Águeda e na Matriz de Alagoinha as 7 e 8 horas, respectivamente, na segunda-feira, 18 de abril de 1949, ambas contaram com grande número de pessoas. Em nota de jornal assim agradeceu a família: “Francisco França de Oliveira e família, Antônio França de Oliveira e família, Libério França de Oliveira e família, Edson Simões Galindo e família, agradecem penhorados a todas as pessoas que lhes confortaram no doloroso transe por que acabam de passar quer pessoalmente, quer por meio de cartões e telegramas, e aos que auxiliaram durante todo o período da doença, assim como aos que compareceram ao sepultamento e missa de 7º dia do seu inesquecível filho, irmão, cunhado e tio, Pe. JOSÉ FRANÇA DE OLIVEIRA.”

            Assim como exemplifica a passagem bíblica do Livro da Sabedoria 4,13: “Consumatus in brevi, explevit tempora multa". Cuja tradução é: Consumado em pouco tempo, cumpriu longos tempos" é um exemplo da caminhada terrena do Padre França cuja vida embora tenha sido curta, cumpriu com justiça a sua missão diante de Deus, mostrando que o valor da vida não está em sua duração, mas em sua plenitude espiritual e moral.

Como bem estava escrito no santinho memorial da missa de 7º dia: “Padre França era uma alma de Apóstolo. Deus o quer no céu para que exerça o Apostolado da caridade, rezando e intercedendo junto do Cordeiro Imaculado pelos sacerdotes e fiéis da Diocese de Pesqueira.”

Padre José França de Oliveira foi um exemplo de sacerdote por todas as suas virtudes, viveu da FÉ, morreu na ESPERANÇA e ressuscitará na CARIDADE (cf. 1Cor 13,13), uma vez que experimentou o martírio por não se negar no exercício do seu ministério a ministrar os sacramentos a um enfermo, tal qual a Jesus Cristo que ensinou que não há amor maior do que doar a vida pelos irmãos (cf. João 15,13). 

E o caminho da entrega, do sacrifício e do amor cristão foram vividos integralmente pelo Padre França, cujos restos mortais repousam na Matriz de Alagoinha depois de terem sido transladados do cemitério.

 

Editoriais 

 

Os recortes de jornais pesqueirenses a que tive acesso trazem três editoriais com palavras carregadas de afeto, reconhecimento das virtudes e pesar pela páscoa do Padre França, ei-los: 

 

A morte de Pe. França

 

Ontem à noite através do rádio, vim, a saber, da morte do Pe. França. Fui tomado de profunda comoção e tristeza imensa ante a dolorosa ocorrência.

Morrera justamente no dia em que se completavam 26 anos que eu, ainda muito criança, perdia o meu próprio pai. Todavia, pela tenra idade, nada me ficou do triste fato nem tão pouco o sentira. Mas a vida futuramente me faria compreender o irreparável da perda e quanto sentimos quando vemos tombar ao nosso lado aqueles a quem estimamos e consagramos admiração. O primeiro brado que parte de nosso peito, num ímpeto de animal ferido, é de revolta e protesto, contra a mísera e frágil contingência humana. É em vão que buscamos na filosofia das coisas, explicação e justificativa para domínio da dor que nos assalta. A voz e calor do sentimento são mais fortes e eloquentes que a fria lógica do raciocínio. Os argumentos do coração são às vezes mais poderosos e convincentes que as abstratas deduções da razão. Eles nascem dentro de nós, fazem parte do nosso mundo e do nosso eu, são vibrações do nosso próprio ser. Se não fora o sentimento cristão ajudando-nos a compreender a realidade da existência, cairíamos por certo nas malhas do desespero e não saberíamos compreender a sublimidade do sacrifício…

Morreu o Pe. França. Vestiu-se de crepe a diocese de Pesqueira. Gemeram os sinos e espalharam sobre a cidade as plangentes notas do grande luto. Não mais palpita aquele coração verdadeiramente sacerdotal, simples e bondoso, desprovido de orgulho e vaidade, presunção e aspirações. Fecharam-se lhe os olhos. Quebraram-se paralisados os seus lábios, não mais deixando cair sobre as abertas feridas o suave bálsamo da palavra divina. As mãos imóveis já não poderão apontar o alto, abençoar, unir, perdoar os irmãos que porventura tenham caído. Sua alma num justo prêmio de suas virtudes voou para os céus e o seu corpo desceu à laje do túmulo. De silêncio e solidão de sua campa deserta e fria, orvalhada de lágrimas e saudades, continuará a sua grande pregação, a maior de todas as pregações, a pregação do exemplo!

Receba, pois, Deus, na oblação deste levita, a oferenda do sacrifício das últimas refulgências de sua juventude, a imolação de uma vida sacrificada em meios de esperanças de um longo e fecundo apostolado…

 

Recife, 21/3/1949.

José Foerster.

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Lembranças sobre o Pe. França

 

Num misto de humildade e timidez que caracterizam bem as pessoas menos orgulhosas, despidas de vaidade — passava o Padre França pelas calçadas de Pesqueira para visitar os manos que estudam ainda... Manso, calmo e sem alterar o passo, caminhava, olhando rara e furtivamente as coisas…

Operário na oficina de Deus, o seu zelo na grande fábrica da fé — que é a Igreja Católica — era inconteste. Porque vivia, desde a infância, uma vida de bondade que o destino lhe presenteou.

Filho dileto e irmão de uma fraternidade quase infantil, despediu-se do convívio dos seus para entrar nas glórias do Sacerdócio. E a Igreja — a grande Mãe — chora, agora, a perda de um amantíssimo filho e grande batalhador…

× × ×

Finou-se o Pe. França... Não mais ele, aqui, na terra, poderá conquistar almas e multiplicar a fé.

Trago-o, ainda, em meus olhos, a sua figura mansa, caminhando sem alterar o passo, olhando rara e furtivamente as coisas.

Hoje ele não pode, em presença aqui na terra, conquistar mais almas.

Deus não quis.

Mas... no Céu, com as suas incessantes preces, o proveito é bem melhor.

× × ×

E, durante o percurso no seu enterramento, refletindo eu nas coisas da vida, nos seus infinitos mistérios, lembrei-me dos sábios ensinamentos de Landelino Rocha, palavras da minha meninice que, através dos lábios de minha mãe, a Carta de Abecê me disse:

“Deus só quer quem faz bem. Eu não hei de ser mau. É bem bom crer em Deus...”

Deus chamou tão cedo o Pe. França porque ele era bom: Palmilhava o Caminho, acreditava na Verdade e habitava a Vida cristã.

 

Pio Jardim.

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Ainda Saudade

 

Um combate de mágoas e tormentos, uma luta sombria e inesperada que veio trespassar invencivelmente o nosso coração, podemos dizer, sem nenhuma dúvida, que foi a morte do Pe. França. E a saudade está sempre furando, de lado a lado, o nosso coração. Em vez dos tempos d’agora, vivíamos mais satisfeitos porque estávamos perante um pai educador, gozando mais alegria perante o nosso digníssimo vice-reitor.

Nós o comparávamos com um pai porque tinha seu semblante sempre risonho, suas palavras sempre encantadoras, seu modo de proceder sempre elegante e seu coração sempre cheio de humanidade. Mas agora... Nenhuma palavra, nenhum gesto e nenhum encanto; só nos resta saudade: Só em nos lembrar de tantas vezes que o nosso padre, cansado e lavado de suor, com a secretária sob o seu corpo, saía ao meio dia apressadamente de moradia em moradia dos pobres a pregar, confessar e dar a santa extrema unção, ficamos com o nosso coração gemendo de confusão.

Cada um dos seminaristas que o conheceu como vice-reitor, já sente desde aquele tempo o seu coração dorido em relembrar mentalmente as alegrias de outrora. Só observando visualmente naquelas páginas do santo evangelho tão verdadeiras e infalíveis palavras, é que podemos consoladamente acreditar que o nosso padre morreu para se dar cumprida a santa vontade de Deus.

Contudo isto ainda surge uma dor em nosso coração, porque, quando morre um homem de idade avançada, já com sua face invadida pelas rugas e com seus cabelos brancos como flocos de algodão, não é tanto! Mas um homem forte, no decorrer da sua adolescência como era padre França?!

É bem triste!

Pois ficamos agora esperando que, com orações e sacrifícios dos nossos caros leitores e cooperadores, ordene-se do Seminário de Pesqueira um padre que lhe seja semelhante.

 

Novembro - 1949

Geraldo F. Silva

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            A escolha da transcrição integral dos editoriais se justifica pelo valor desses textos tão bem escritos por José Foerster, Pio Jardim e Geraldo F. Silva, profundamente emocionados e ricos em sentimento — cada um oferecendo uma perspectiva singular sobre o Pe. José França de Oliveira, sua espiritualidade e exemplo de vida.

 

As homenagens póstumas

 

            Imediatamente após a sua morte, o prefeito de Alagoinha, sr. Austriclinio Galindo como homenagem póstuma nomeou a principal artéria do distrito de Perpétuo Socorro de Avenida Padre José França.

 Na sua terra passou também a denominar a Biblioteca do Grupo Escolar Gonçalo Antunes Bezerra inaugurada em 24 de março de 1953, conforme noticiou o Diário de Pernambuco em  03/04/1953: 

 

“BIBLIOTECA PADRE JOSÉ FRANÇA: Como havia sido programado, realizou-se, no dia 24 deste, no Grupo Escolar Gonçalo Antunes Bezerra, a inauguração de sua biblioteca, que tomou o nome do saudoso Padre José França, e também a fundação da Caixa Escolar desse educandário. Ao ato, entre outros, compareceram os srs. etc. Dorival de Oliveira Galindo, delegado do ensino neste município; os vereadores Raul de Oliveira Galindo e Sobrinho e Manoel Francisco Barbosa, aquele representando o sr. Anacleto Inácio de Oliveira, prefeito municipal; o delegado de polícia Arlindo Sistélos de Lira, Hercílio Torres Barbosa, agente de Estatística, Nelson Cordeiro de Souza; José de Farias Lins; às professoras municipais: Luiza Lima e Luzia Antunes; o corpo docente, representado pelas professoras: Maria do Carmo Simões Galindo, diretora do Grupo Escolar, Maria de Lourdes Galindo Dulce Cristina, Cornélia Silva, Maria do Carmo Bezerra Galindo e o corpo discente deste Grupo, composto de 180 alunos de ambos os sexos. Presidiu a sessão o delegado de Ensino. Após, falou a professora Maria do Carmo Simões, dizendo da finalidade da Caixa e da biblioteca. Finalizando, falou a professora Dulce Cristina. Fundada a Caixa Escolar, transportaram-se todos para a sala onde ficou instalada a Biblioteca. Chegado ali o delegado do Ensino cortou uma fita simbólica, dando-a por inaugurada.”

 

            Ainda em Alagoinha recebeu como homenagem a denominação do cemitério da cidade cujo projeto foi aprovado por unanimidade em 27/11/2001:

“PROJETO DE LEI Nº 004/2001

EMENTA: Denomina o nome do Cemitério da cidade de Alagoinha-PE e dá outras providências.

Art. 1º – Passará a denominar-se "Padre José França" o Cemitério desta cidade, localizado na Rua Capitão Neco Galindo, nesta cidade.

Art. 2º – O presente Projeto de Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º – Revogam-se as disposições em contrário.

[...] Sala das Sessões, em 19 de novembro de 2001.

José Silvestre Galindo Filho - Vereador

(Autor).”

 

Em Pesqueira, a primeira homenagem que temos notícia foi a denominação da Escola Padre França que fora por ele fundada. E que na década de 1960 passou a fazer parte do Instituto de Educação Padre França com sede na Praça Jurandir de Brito, n⁰ 110, no antigo galpão onde funcionou o Cinema Santa Cruz e que na atualidade é a Loja Narcizo Colchões, fundado em 18 de janeiro de 1963 pelas irmãs: Maria José Inojosa França (Diretora), Maria da Assunção Inojosa de Oliveira (Secretária) e Marinete Inojosa França (Tesoureira).

De acordo com o Estatuto do Instituto de Educação Padre França o seu objetivo seria oferecer cursos de Jardim da Infância, Primário e Admissão, sem restrição de número de alunos, gênero, cor, religião ou nacionalidade, seguindo as normas oficiais de ensino, tendo como orientação basilar que a educação seja pautada na doutrina e na moral cristã.

Outra lembrança para eternizar a memória do padre se deu no Distrito de Papagaio criado pela Lei Municipal nº 67 de 4 de março de 1961. O vereador Antônio Soares de Macedo na sessão da Câmara de 16 de fevereiro de 1956 apresentou o Projeto de Lei nº 8/1956 nomeando ruas do então povoado de Papagaio da forma seguinte: Rua Padre França (principal artéria do lugar), Rua Major Dode (Jorge Rodrigues Pereira de Freitas), Rua Constâncio Duvoisin e Rua Manuel Alves de Assis. O projeto foi aprovado por unanimidade na sessão de 22 de fevereiro de 1956. 

Placa que consta ao lado da praça.

Na administração do prefeito José Walderique Tenório (1973-1977) foi construída uma praça situada ao centro do triângulo formado pelo entroncamento de vias importantes: Rua Henrique Dias, Rua Frei Caneca e Rua Epaminondas de Melo e a ela foi dado o nome Praça Padre José França por proposição de seu irmão, o vereador Libério França de Oliveira que exerceu o mandato entre 1970 e 1973. Todavia, não logrei êxito de encontrar a referida lei e nem a data da inauguração da nova praça, sendo objeto de artigo futuro.

Além da construção da Praça Padre José França foi feito durante o mandato de José Walderique Tenório o calçamento do seu entorno e das artérias perpendiculares Rua Henrique Dias e Rua Epaminondas de Melo complementando uma obra expressiva para melhorar a urbanização da cidade no que tange ao fluxo de pessoas e veículos, assim como de possibilitar novos espaços de convivência e lazer para os munícipes.

Praça Padre José França.

Decerto, fica o registro das muitas homenagens póstumas como reconhecimento feito àquele que tanto fez como padre, professor e jornalista para o bem do povo e para edificação do Reino de Deus.


Conclusão


A morte prematura do Pe. José França de Oliveira tocou profundamente todos aqueles que com ele conviveram — familiares, amigos, seminaristas, fiéis e companheiros de ministério. Em cada testemunho aqui registrado, transparece a grandeza de uma vida marcada pela humildade, pela dedicação pastoral e por um amor incondicional à missão sacerdotal.

Sua juventude não foi obstáculo, mas testemunho; sua breve caminhada neste mundo foi longa em frutos e memorável em virtudes. Ficam a saudade, a inspiração e o apelo silencioso de sua memória: que continuemos, cada um à sua maneira, a obra da fé, da esperança e da caridade que ele viveu com tanta verdade.

Santinho Memorial da Missa de 7º dia.

Como bem estava escrito no seu santinho memorial da missa de 7º dia: “Na juventude dos anos sacerdotais — na maturidade de uma alma em zelo abrasada pela glória do Senhor das misericórdias, espera o galardão sempiterno por suas múltiplas canseiras em prol do BEM e da VERDADE. Paz à sua alma.”

Que o exemplo de Padre França, como bem disseram aqueles que o conheceram, continue como a maior de todas as pregações — a pregação do exemplo. E que não pode ser esquecido, por isso, nosso esforço com a valorosa contribuição do seu irmão Jorival França de Oliveira, dos padres Eduardo Valença e Fábio Pereira - digníssimos sacerdotes da Diocese de Pesqueira e admiradores da história do Padre França. Sem a colaboração dos mesmos dificilmente poderíamos escrever estas laudas em homenagem a sua memória para que ela permaneça viva.

Por fim, a nossa oração pela alma deste servo de Cristo - Mártir da Confissão e Apóstolo da Caridade. 

“Nós Vos pedimos, Senhor, que a alma de vosso servo Pe. José França de Oliveira, possa compartilhar da sorte de vossos Santos e Eleitos, e mereça receber de Vós, o orvalho perene de vossa misericórdia.Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!”

Descanse em Deus Pe. José França de Oliveira.

Por Fábio Menino de Oliveira


Referências Bibliográficas

ALAGOINHA. Câmara Municipal de Vereadores. Projeto de Lei nº 004/2001. Denomina o nome do Cemitério da cidade de Alagoinha-PE e dá outras providências. Alagoinha, PE: Câmara Municipal de Vereadores, 27 nov. 2001. 

CÂMARA MUNICIPAL DE PESQUEIRA. Ata da 7ª reunião da 2ª sessão ordinária do corrente, da 1ª legislatura realizada no dia 16 de maio de 1951. Arquivo da Câmara Municipal de Pesqueira, 1951.

_________________________________. Ata da 12ª reunião da 1ª sessão ordinária (3ª legislatura) do corrente ano, realizada no dia 16 de fevereiro de 1956. Arquivo da Câmara Municipal de Pesqueira, 1956.

_________________________________. Ata da 3ª reunião da 1ª sessão ordinária (3ª legislatura) do corrente ano, realizada no dia 22 de fevereiro de 1956. Arquivo da Câmara Municipal de Pesqueira, 1956. 

COSTA FILHO, Adilson. Festividades natalinas: tradição e identidade cultural com a cara do Nordeste. Blog do Adilson Costa Filho, 18 dez. 2021. Disponível em: https://adilsoncostafilho.blogspot.com/2021/12/festividades-natalinas-tradicao-e.html. Acesso em: 26 jun. 2025. 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO - edições de 03/04/1953; 1⁰/01/1954; 19/12/1954; 30/12/1955; e 25/5/1960. 

DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO - edições de 21/07/1959; 27/02/1960; 12/03/1960; 13/09/1960; 17/02/1961; 20/07/1963; e 24/03/1966.  

NASCIMENTO, Luiz do. História da Imprensa de Pernambuco (1821-1954). Vol. XIII – Municípios das letras L a P. Reconstituição dos originais por Geraldo Cavalcanti; coordenação editorial de Eleny Pinto da Silveira. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2002. 

WILSON, Luís. Ararobá, Lendária e Eterna. CEPE/Pref. de Pesqueira. Recife: 1980.